Ministro da Saúde: 80% dos problemas de saúde serão resolvidos no País com médicos no interior
Alexandre Padilha disse nesta quarta-feira (10) quais medidas do governo são emergenciais
Saúde|Do R7
Após gerar polêmica ao anunciar programa Mais Médicos com mudanças na saúde e no curso de medicina nesta segunda-feira (8), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou nesta quarta-feira (10) que se os “médicos estiverem no interior, 80% dos problemas de saúde estarão resolvidos”. Ele falou no programa de rádio Bom Dia Ministro.
— As medidas que estamos implantando são emergenciais. Temos capitais que têm menos de 1,8 médicos por 1.000 habitantes. O principal estímulo ao médico será a remuneração de R$ 10 mil e acompanhamento de universidades e estrutura.
Segundo o governo, o programa tem como objetivos melhorar o atendimento prestado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e a formação do médico brasileiro. Entre as medidas, o plano prevê que, a partir de 2015, o curso de medicina passará de seis para oito anos e os estudantes terão de trabalhar dois anos no SUS, antes de conseguir o diploma.
— A experiência de dois anos foi adotada com sucesso em outros países. Os dois anos de treinamento do médico será na atenção básica e na urgência e emergência, com supervisão. Queremos dar mais oportunidades ao jovem que quer fazer medicina.
A ampliação está prevista na medida provisória e deverá ser regulamentada em 180 dias. No período em que trabalhar nos serviços públicos de saúde, o estudante receberá uma bolsa, financiada pelo Ministério da Saúde.
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Cubanos perdem prioridade
Nesta segunda-feira (8), o Ministério da Saúde informou que médicos espanhóis e portugueses vão ter prioridade para trabalhar no Brasil. Segundo o governo, Espanha e Portugal terão preferência porque estão em um momento de crise econômica e os médicos desses países estão com dificuldade de encontrar emprego.
Além de priorizar as nações europeias por causa do momento econômico, o Ministério da Saúde também adota o critério de somente contratar profissionais de países onde a taxa de médicos por habitantes é maior que a do Brasil.
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Carreira elitizada
As mudanças trazidas no programa Mais Médicos podem tornar a medicina em uma carreira para poucos. Os longos períodos de estudo para admissão na faculdade, o alongamento do período do curso e a obrigatoriedade da prestação de serviço no SUS podem afastar os jovens da profissão.
Professor da unidade de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Durval Damiani concorda que a mudança pode elitizar a carreira e ainda ressalta a dificuldade para entrar no curso.
— Em média, um aluno fica quatro anos tentado o vestibular para entrar no curso de medicina, depois são mais oito anos dentro do curso — agora, os dois últimos anos sendo jogados fora — depois a residência, com que idade ele vai se formar? Não há motivação nenhuma!
Diferente da residência, período em que o médico se especializa em uma área, os anos de trabalho obrigatório no SUS devem dar uma formação mais generalista aos profissionais. O trabalho será remunerado, mas o valor ainda não foi definido pelo governo. Há a possibilidade de que a bolsa fique entre o valor pago para residência (R$ 2.976,26) e a bolsa do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab) que pretende atrair médicos para regiões carentes do País (R$ 8 mil).