“Novos erros médicos vão aparecer”, diz presidente do CFM sobre dose errada de argentino do Mais Médicos
Roberto Luiz D’Ávila garante que conselho vai denunciar as ocorrências à Justiça
Saúde|Fabiana Grillo, do R7
O presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Roberto Luiz D’Ávila, diz não estar surpreso com o caso do médico argentino Juan Pablo Cajazus, integrante do programa Mais Médicos, no município de Tramandaí (RS). O estrangeiro teria prescrito uma dosagem muita acima do recomendado do antibiótico Azitromicin a uma paciente e, segundo o Ministério da Saúde, está sendo investigado.
— Não estamos surpresos com isso e até já esperávamos. Ainda vão surgir muitos outros casos. O Mais Médicos é uma medida eleitoreira que não vai resolver os problemas da saúde pública no País.
D’Ávila acrescentou que o CFM recebeu outra denúncia de erro médico no Maranhão. Segundo ele, "um idoso foi diagnosticado com dor muscular quando, na verdade, estava com pneumonia".
— Nosso papel é fiscalizar a atuação dos profissionais e, quando for necessário, denunciar ao Ministério Público. E é exatamente isso que vamos fazer.
Dilma quer 12 mil profissionais no Mais Médicos até abril de 2014
De acordo com o novo texto da MP (medida provisória) do Mais Médicos aprovado no plenário da Câmara, o Ministério da Saúde terá a autonomia para emitir os registros provisórios dos profissionais e os conselhos regionais de medicina (CRM´s) ficam encarregados de fiscalizar o trabalho do médico.
— Embora este não seja o melhor dos mundos, foi uma maneira de proteger o futuro da medicina. Foi muito difícil chegarmos num acordo, especialmente porque queremos exercer a melhor medicina para a população e mostrar tudo aquilo que aprendemos na universidade, mas, na prática, há muitas impossibilidades.
Para o presidente do CFM, o acordo entre a entidade e o governo foi uma alternativa diante de um mal maior, “que seria a criação de um fórum sobre recursos humanos na área da saúde”. Segundo ele, o fórum funcionaria como uma espécie de agência controladora, que reduziria os poderes não só do conselho, mas traçaria as diretrizes da residência.
— Quando li esta emenda na MP, gelei. Não podia aceitar isso de jeito nenhum, então aceitei iniciar a negociação com a condição de retirar este item do texto.
Outro ponto da negociação conquistado por D’Ávila foi a possibilidade de criar uma carreira para médicos do serviço público de saúde. Ou seja, após três anos, os profissionais que quiserem continuar exercendo a atividade no País terão de fazer revalidação do diploma.
A MP deve ser votada no plenário do Senado Federal nesta quarta-feira (16) e só então seguir para sanção presidencial.