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Tratamento da aids inclui até sexo, dizem especialistas

Além do coquetel, médicos incentivam que portador de HIV mantenha vida normal

Saúde|Fabiana Grillo, do R7

Tratamento da aids envolve medicamentos, hábitos saudáveis e até sexo
Tratamento da aids envolve medicamentos, hábitos saudáveis e até sexo Dmitriy Shironosov/Getty Images/iStockphoto

Foi-se o tempo que a aids era considerada uma sentença de morte e o paciente podia ser reconhecido pela aparência magra e deprimida. Nos últimos anos, a chegada de novos medicamentos proporcionou mais tempo e qualidade de vida aos soropositivos. Para o infectologista Dr. Ralcyon Teixeira, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, o tratamento da doença vai muito além do uso diário de comprimidos.

— Outras atitudes contribuem significativamente para o bem-estar do paciente, como prática de exercício físico, adoção de cardápio balanceado, abandono do cigarro e de outras drogas, moderação no consumo de bebidas alcóolicas e até uma vida sexual ativa, desde que com camisinha.

Em caso de rompimento do preservativo, a recomendação é avisar o médico com urgência para prevenir a contaminação do parceiro. O acompanhamento psicológico também se faz necessário para o paciente manter a autoestima e vencer seus medos, preconceitos e culpa.

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O infectologista Dr. Ricardo Diaz, chefe do Laboratório de Retrovirologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), ressalta que iniciar o tratamento de forma precoce é um dos segredos para o bem-estar e segurança do infectado.

— Sem remédio, o vírus do HIV acelera o envelhecimento e antecipa o aparecimento de algumas doenças que costumam surgir com o avanço da idade, entre elas osteoporose, câncer, diabetes e infarto.


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Além disso, ele cita outra vantagem da medicação: "a redução para quase zero de o paciente transmitir o vírus para outra pessoa, especialmente numa relação sexual”.


Coquetel de medicamentos

Antigamente, o paciente com diagnóstico de aids chegava a tomar, em alguns casos, mais de 20 comprimidos por dia para tentar controlar o HIV e as doenças relacionadas a baixa imunidade. Isso dificultava a adesão ao tratamento e causava incontáveis efeitos colaterais.

Com a evolução da Medicina e realizando o diagnóstico precoce da infecção, esse número caiu para até três pílulas diárias com menos “contratempos”. O governo brasileiro também estuda a produção nacional de um comprimido contendo três princípios ativos em uma única pílula diária, o que facilitaria ainda mais o tratamento.

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A medicação, segundo o Dr. Teixeira, impede a multiplicação do vírus HIV e, consequentemente, evita o enfraquecimento do sistema imunológico e previne o aparecimento das chamadas infecções oportunistas — pneumocistose e neurotoxoplasmose, por exemplo . É importante também manter a vacinação em dia, especialmente contra gripe e pneumonia.

O tratamento é caro, mas desde 1991, o Brasil oferece gratuitamente o coquetel antiaids e distribui camisinha para toda a população. Mesmo assim, ainda há muita resistência das pessoas em fazer sexo seguro e o teste de HIV, conforme lamenta o infectologista do Emílio Ribas.

— Uma a cada quatro pessoas não sabe que tem aids, sendo que com o diagnóstico precoce é possível ter qualidade de vida. Se uma gestante, por exemplo, descobrir a doença cedo é possível tratá-la evitando que o bebê também seja contaminado. Sem falar que os jovens estão se esquecendo do sexo seguro.

Efeitos colaterais

As novas drogas conseguiram melhorar o tratamento, mas não isentam o paciente dos temidos efeitos colaterais. Entre os mais comuns, o Dr. Ralcyon destaca a lipodistrofia — alterações na distribuição da gordura corporal.

— Há uma diminuição da gordura nas pernas, braços e bochechas e um aumento de gordura na região do abdômen, mama, pescoço e nuca. Essas modificações acabam deformando a aparência física da pessoa e algumas vezes precisamos intervir com preenchimentos e próteses.

O médico acrescenta pressão alta, diabetes tipo 2, alteração de colesterol e anemia como outras consequências da medicação. Mesmo assim, o especialista da Unifesp defende o tratamento em qualquer estágio da doença.

— É verdade que desconhecemos os efeitos da medicação em médio e longo prazo, mas já avançamos muito nesse quesito e, como ainda estamos distantes da cura, temos que priorizar uma vida melhor. Isso só será possível com os comprimidos.

Para o Dr. Diaz, superar o medo e fazer o teste de HIV pelo menos uma vez por ano é o primeiro passo de uma vida mais longa.

—Admitir que está contaminado pelo vírus HIV, aderir ao tratamento e adotar hábitos saudáveis é o caminho do sucesso. Apesar da melhoria do tratamento, prevenir a doença ainda deve ser a prioridade de qualquer pessoa.

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