"Bloquear WhatsApp à força é quase impossível", afirma especialista
Decisão da Justiça de São Paulo determinou o bloqueio do serviço por 48 horas
Tecnologia e Ciência|Tiago Alcantara, do R7
Obedecer a determinação da Justiça de São Paulo para bloquear o WhatsApp no Brasil será uma tarefa extremamente difícil. As operadoras de telefonia móvel receberam uma ordem judicial nesta quarta-feira (16) para que o serviço seja indisponibilizado para os usuários por 48 horas, a partir da meia-noite desta quinta-feira (17).
A decisão foi proferida em um procedimento criminal, que corre em segredo de Justiça. Isso porque o WhatsApp não atendeu a uma determinação judicial de 23 de julho de 2015. Em 7 de agosto de 2015, a empresa foi novamente notificada, sendo fixada multa em caso de não cumprimento.
A solicitação, deferida pela juíza Sandra Regina Nostre Marques, leva como base o Marco Civil da Internet, aprovado em março do ano passado.
Entretanto, o especialista em tecnologia móvel, Rogério Saran, comenta que esse bloqueio do WhatsApp é possível, mas impraticável por conta de uma série de dificuldades técnicas.
— É mais fácil falar do que fazer. Esse bloqueio é viável, mas improvável porque depende de bloquear os servidores deles, que não estão no Brasil. Ou, em uma outra instância, bloquear o acesso ao IP do serviço, que é retransmitido por vários roteadores, o que também é impraticável.
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Para o especialista, há ainda uma terceira possibilidade: negar acesso aos nomes de domínios relacionados ao WhatsApp. Mais uma vez, algo que seria na prática extremamente difícil, mesmo com a cooperação das operadoras brasileiras.
De acordo com a Sinditelebrasil, as operadoras irão cumprir a determinação judicial "de acordo com as possibilidades técnicas e operacionais". Em nota, o sindicato ainda afirma que as operadoras não são autoras do processo.
Filtro de conteúdo
Recentemente, várias operadoras demonstraram insatisfação com o serviço de telecomunicação promovido pelo aplicativo. Há uma demanda para que o aplicativo seja regulamentado pelo governo. Dessa forma, seria possível que a demanda das empresas fosse apenas para o bloqueio das mensagens de áudio enviadas pelo aplicativo.
Entretanto, Saran aponta que filtrar um volume tão grande de conteúdo fragmentado é pouco possível. O especialista comenta que os dados enviados pela internet viram texto, portanto, são mais difíceis de serem interpretados e censurados.
— Quando você manda uma foto por e-mail, os dados dela são enviados como texto. No caso do WhatsApp o conteúdo das mensagens obedece um protocolo proprietário da empresa, ou seja, não é possível bloquear sem ter acesso a esse protocolo.
O Facebook, dono do aplicativo, não irá se pronunciar, uma vez que o WhatsApp tem uma razão social própria e sua assessoria fica nos Estados Unidos.