Lula diz que não foi informado sobre criação de 'Petrobras Arábia' e alfineta Prates
Brasil vai integrar a Opep+, que reúne Arábia Saudita e outros produtores e exportadores de petróleo, em janeiro de 2024
Noticias|Do R7, em Brasília, com informações da Agência Estado
A declaração do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, sobre a possibilidade de criar uma subsidiária da empresa no Oriente Médio surpreendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e gerou desconforto no governo. Em entrevista coletiva neste domingo (3), Lula afirmou não ter sido informado sobre a intenção de Prates e destacou que o presidente da estatal tem uma mente "muito fértil". No sábado (2), em entrevista à Bloomberg, o presidente da Petrobras anunciou o início de um estudo para viabilizar a abertura de uma subsidiária na região, chamada de "Petrobras Arábia".
"Primeiro, você deve fazer essa pergunta para o Jean Paul Prates, porque eu não fui informado de que a gente vai criar uma Petrobras aqui. Como a cabeça dele é muito fértil, e ele pensa numa velocidade de Fórmula 1 e eu funciono numa velocidade de Volkswagen, eu preciso aprender o que é isso que ele vai fazer", disse Lula.
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O petista abordou o tema em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28). Durante o encontro global, ele defendeu a redução da dependência dos países em relação aos combustíveis fósseis ao argumentar sobre a necessidade de desenvolver alternativas renováveis para compor a matriz energética mundial.
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"Se a Petrobras tem algum investimento para fazer aqui, eu não sei em quê. A Petrobras não vai deixar de prospectar petróleo. É importante lembrar isso. Porque o combustível fóssil ainda vai funcionar durante muito tempo na economia mundial. Enquanto ele funcionar, nós vamos conseguir pegar petróleo, nós vamos melhorar a qualidade da gasolina", afirmou o presidente.
Sem alinhamento
A declaração de Prates gerou desconforto no governo. Auxiliares de Lula afirmaram que a postura do chefe da Petrobras foi vista como desrespeitosa, por não consultar o presidente sobre o projeto.
Antes do episódio, o plano de investimentos da empresa já havia causado desgaste interno, por não incluir eixos considerados estratégicos pelo governo brasileiro, como a questão dos biocombustíveis. Após reuniões de alinhamento, o projeto foi corrigido. Segundo fontes, a "Petrobras Arábia" não consta do plano estratégico da estatal e foge da lógica do Brasil de produzir e gerar empregos no país.
Opep+
A partir de janeiro de 2024, o Brasil vai integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), que reúne os 13 membros da Opep e mais dez países. A Arábia Saudita, que faz parte da organização, é um dos principais atores do grupo.
Na manhã deste domingo (3), em Dubai, antes de embarcar para a Alemanha, Lula declarou que não vê contradição na entrada do Brasil na Opep+. O governo recebeu duras críticas de organizações não governamentais ambientais por ter aceitado o convite de adesão ao grupo.
O presidente acredita que a participação do Brasil é uma forma de discutir o investimento de países ricos e que têm petróleo em nações pobres do continente africano, da América Latina e da Ásia. “Eles [países ricos da Opep] podem financiar o etanol, o biodiesel, a [energia] eólica e solar e o hidrogênio verde”, afirmou.