Os alertas de desmatamento na Amazônia chegaram a 8.590 km² entre agosto de 2021 e julho deste ano, uma queda de 2,16% em relação ao período anterior, mas ainda o terceiro ano consecutivo em que estão acima de 8 mil km². Os dados são do sistema Deter, do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), e foram divulgados nesta sexta-feira (12). No caso do cerrado, os números chegaram a 5.458 km² de área derrubada no mesmo período, um aumento de 12% em comparação com os 4.867 km² desmatados entre agosto de 2020 e julho de 2021. O sistema de alertas (Deter) é um levantamento de evidências de alteração da cobertura florestal, cuja taxa de desmatamento é medida com o acumulado de agosto do ano anterior a julho do ano corrente. Os números consolidados são divulgados posteriormente pelo sistema Prodes, também do Inpe. De acordo com o levantamento, no mês de julho também houve uma ligeira redução de 0,75% dos alertas, com 1.486,71 km² de floresta desmatada. É o quarto maior número do mês na série histórica, desde 2016. Em 2018, antes do início da atual gestão, o mês de julho registrou 596 km² de área desmatada. Já no ano seguinte, o número saltou para 2.255 km², um aumento de 278,4%. Porta-voz de Amazônia da ONG (Organização Não Governamental) Greenpeace Brasil, Rômulo Batista afirmou que, além do avanço do desmatamento, o que chama atenção no último ano é "a quantidade de grandes áreas desmatadas em terras públicas não destinadas, em propriedades privadas e até mesmo em áreas protegidas". O estado que mais desmatou foi o Pará, seguido pelo Amazonas. Além desses dois, a Amazônia Legal engloba outros oito: Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Tocantins. Diretor de conservação e restauração do WWF-Brasil, Edegar de Oliveira lembra que a Amazônia "garante as chuvas que regam 90% das lavouras, abastecem os reservatórios de água potável e os que geram hidroeletricidade no Brasil e em outros países da América do Sul". "Ela já está sob pressão do aquecimento global e perigosamente perto do ponto a partir do qual ela entrará em processo de degradação sem volta. Quando isso acontecer, todo o país ficará mais seco e mais exposto às crises hídrica, energética e até alimentar, com inflação de alimentos, como já começamos a ver", ressaltou.