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Atendimento a venezuelanos bate recorde e superlota hospitais de RR

Atendimento passou de 700, em 2014, para 50 mil em 2017, número já superado no primeiro semestre de 2018

Brasil|Diego Junqueira e Márcio Neves, do R7

Governo quer hospital para atender a demanda
Governo quer hospital para atender a demanda Governo quer hospital para atender a demanda

Com pelo menos 50 mil venezuelanos vivendo no Estado, o boom populacional em Roraima está superlotando seus hospitais e postos de saúde. Neste ano, o número de atendimentos aos migrantes já supera o de todo o ano de 2017. O governo estadual reclama que os recursos federais não alcançam a saúde e pede a instalaçao de um hospital militar para atender a demanda - que não para de crescer.

"Somos um estado fronteiriço, normalmente a gente já atendia populações da Venezuela e da Guiana. Mas a situação mudou agora. De 700 atendimentos a venezuelanos em 2014, passou para 50 mil em 2017. E só nos primeiros 3 meses desse ano já bateu 45 mil", afirma Daniela Souza, coordenadora geral de Vigilância em Saúde, órgão da Secretaria de Saúde de Roraima que acompanha oimpacto do fluxo de venezuelanos no Estado.

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Cerca de 500 venezuelanos cruzam a fronteira todos os dias em Pacaraima, no norte do Estado, a cerca de 200 km de Boa Vista. A maioria, no entanto, segue viagem até a capital, onde encontra os 12 abrigos instalados pelo Exército, além de melhores condições no sistema público de saúde.

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— Estamos absorvendo esse impacto porque, como o SUS é universal, a gente atende a tudo e a todos. Mas Roraima tem algumas peculiaridades. Nós só temos uma maternidade, um serviço de pronto atendimento e um centro cirúrgico para o Estado todo. Isso [fluxo de venezuelanos] está complicando a gente. Nossos hospitais estão lotados mesmo.

O Pronto Atendimento Airton Rocha, unidade portas abertas do HGR (Hospital Geral de Roraima), já atendeu mais venezuelanos em 2018 do que nos três anos anteriores somados.

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Se em 2015 foram registrados 628 atendimentos, passou para 2.034 no ano seguinte, e 6.383 em 2017. Neste ano, até meados de julho, o número de venezuelanos atendidos na unidade chegou a 9.700.

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Saúde, teto e comida

Segundo a coordenadora estadual de Vigilância em Saúde, o drama social de boa parte dos refugiados em Roraima, em situação de rua, faz dos hospitais um porto seguro onde encontram abrigo e fazem as três refeições do dia.

— Na saúde a demanda é social, não é da saúde. Muitos procuram as unidades por comida e abrigo, porque terão as refeições e uma cama para dormir. Quando o indivíduo recebe alta, ele não quer sair também, e esse é outro complicador. É uma demanda que a gente não tinha previsão. Estamos sobrecarregados, acaba gerando situações de pessoas no corredor, em macas, cadeiras, algo que o governo não queria.

Para reverter esse cenário, o pedido imediato é pela construção de um hospital de campana do Exército em Boa Vista, onde a demanda é maior, para aliviar a lotação das unidades de saúde. O assunto foi tratado na última terça-feira (21) durante reunião entre governo estadual e a comitiva de 11 ministérios que visita Roraima esta semana.

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A gestão estadual também quer aprovar um protocolo para que seja obrigatória na fronteira a vacinaçao da tríplice viral, que protege contra o sarampo. Erradicada no Brasil, a doença voltou a circular no ano passado, tendo atingido já 300 pessoas, sendo 199 venezuelanos — quatro pessoas já morreram, sendo três venezuelanos e um indígena brasileiro.

— Por mais que a gente vacine as pessoas que estão aqui, os migrantes não param de chegar. Como a vacina é opcional na fronteira, acabam entrando pessoas doentes, então como vamos conseguir controlar esse surto?

Um tratado sanitário Internacional, do qual o Brasil é signatário, impede a aplicação das vacinas de forma obrigatória.

Recursos federais

No pedido feito esta semana ao STF (Supremo Tribunal Federal), a Procuradoria Geral de Roraima pede o ressarcimento de R$ 184 milhões aos cofres do Estado pelos gastos extras com o auxílio aos venezuelanos.

Para Roraima, o fluxo de migrantes é uma questão nacional e deve ser compartilhada com os demais Estados, conforme explicou o procurador-geral estadual Ernani Batista em coletiva de imprensa.

Dos R$ 184 milhões, R$ 70 milhões são para a área da saúde, com base nos 50 mil atendimentos a venezuelanos realizados em 2017.

Para Daniela Souza, o governo federal aplicou recursos apenas para abrigo e comida aos migrantes, e numa quantidade inferior às necessidades, já que a demanda continua subindo.

— O dinheiro só veio pra abrigo e comida, mas o venezuelano vai acessar outros serviços, como a saúde. São problemas que o governo federal deixou aquém.

Outro pedido é pela aceleração do processo de interiorização, que, até o momento, só transferiu 820 venezuelanos para outros Estados.

— Nossa população aumentou 10%. Pensando em São Paulo, é como se 4,5 milhões de pessoas chegassem ao Estado.

O R7 entrou em contato com o Exército Brasileiro, responsável pela operação Acolhida, e aguarda um posicionamento.

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