Bolsonaro questiona direitos humanos de médicos cubanos
Segundo o presidente eleito, profissionais ficam com 30% do salário do Mais Médicos e 70% vão para governo de Cuba. Quem pedir asilo poderá ficar
Brasil|Karla Dunder, do R7 com Estadão Conteúdo
Após um café da manhã com o comandante da Marinha, Eduardo Bacellar, na manhã desta sexta-feira (16), no 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) declarou que a situação dos direitos humanos dos cubanos do programa Mais Médicos era difícil, uma vez que os profissionais só recebiam "30% do salário e 70% ia para o governo de Cuba".
Repetiu que a situação dos profissionais de saúde cubanos é "praticamente de escravidão" e questionou a qualidade dos serviços prestados.
"Nunca vi uma autoridade no Brasil dizer que foi atendido por um médico cubano. Será que devemos destinar aos mais pobres profissionais, entre aspas, sem qualquer garantia de que eles sejam realmente razoáveis, no mínimo? Isso é injusto, é desumano", disse Bolsonaro.
O presidente eleito defendeu o exame presencial de validação do diploma dos médicos incluídos no programa. "O que temos ouvido, em muitos relatos, são verdadeiras barbaridades. Não queremos isso para ninguém no Brasil, muito menos para os mais pobres. Queremos o salário integral (dos médicos cubanos) e o direito (deles) de trazer a família para cá. Isso é pedir muito? Isso está em nossas leis, que estão sendo desrespeitadas", resumiu Bolsonaro antes de encerrar a entrevista, que durou menos de cinco minutos.
Ainda durante a entrevista, Bolsonaro também afirmou que os cubanos que pedirem asilo político para ficar no Brasil serão acolhidos.
"Há quatro anos e pouco, quando foi discutida a Medida Provisória (que criou o Mais Médicos), o governo da senhora Dilma (Rousseff) disse, em alto e bom som, que qualquer cubano que, por ventura, pedisse asilo, seria deportado. Se eu for presidente, o cubano que pedir asilo aqui, (que) se justifica pela ditadura da ilha, terá o asilo concedido da minha parte", afirmou.
Pelo menos 150 médicos cubanos desertores do programa federal lutam na Justiça para poder clinicar no Brasil de forma independente, fora do acordo entre Brasil e Cuba, ganhando salário integral.
Substituição no Mais Médicos
O Ministério da Saúde realiza nesta sexta-feira, uma reunião com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) para a definição da saída dos médicos cubanos do Mais Médicos e a entrada de profissionais brasileiros a serem selecionados por edital.
Serão abertas 8.332 vagas para preencher as vagas. Segundo nota enviada pela pasta “será respeitada a convocação prioritária dos candidatos brasileiros formados no Brasil seguida de brasileiros formados no exterior”.
Na última quarta-feira (14), o Ministério da Saúde de Cuba anunciou a saída do país programa Mais Médicos. O governo afirmou que a saída se deve às declarações de Bolsonaro sobre os médicos cubanos.
Bolsonaro rebateu em sua conta no Twitter dizendo que "Cuba fica com a maior parte do salário dos médicos cubanos e restringe a liberdade desses profissionais e de seus familiares".