CoronaVac: diretor do Butantan diz que interrupção não afetou estudo
Comissão do Congresso convocou representantes do instituto e da Anvisa, pivôs da polêmica ocorrida com a paralisação de pesquisas da vacina
Brasil|Marcos Rogério Lopes, do R7
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, afirmou nesta sexta-feira (13), na comissão mista do Congresso Nacional, que a interrupção dos estudos da vacina CoronaVac, feitos em parceria com o laboratório chinês Sinovac, "não teve efeito prático nenhum" e que a única questão que sobra desse incidente é política.
Dimas Covas afirmou que a comunicação entre o Butantan e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) , responsável por suspender na segunda-feira (9) a pesquisa do imunizante contra a covid-19, se deu no prazo correto e com todos os dados necessários. Dois dias depois, o estudo foi retomado.
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Ele também declarou que não partiu do instituto as informações sobre a causa da morte do paciente que fazia parte do estudo. Na terça-feira (10), a imprensa divulgou que tratava-se de um homem em São Paulo, que se matou, sem nenhuma relação da morte com o imunizante testado para a covid-19.
Dimas Covas afirmou que a Coronavac já foi ministrada mais de 18 mil vezes no Brasil, a mais de 10 mil voluntários. Na China, país de origem do medicamento, mais de 70 mil pessoas foram. "De todas elas [vacinas testadas contra a covid-19], essa é a que tem o melhor perfil de segurança", afirmou "Isso até pela tecnologia usada, uma vacina baseada no vírus inativada", acrescentou.
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O diretor do Butantan afrimou que até meados de janeiro o Brasil já deve ter 46 milhões de doses da vacina disponíveis. Seis milhões devem chegar agora no dia 20 e as outras 40 milhões serão produzidas aqui no país.
Comunicação falha e surpresa
Ele explicou que a interrupção se deu por falha de comunicação na segunda-feira. De acordo com ele, os comitês de ética do Butantan não viram qualquer problema no evento adverso descoberto que pudesse levar à paralisação do estudo.
"O Butantan fez a notificação do ocorrido à Anvisa dentro do prazo, e por algum motivo esse aviso teve problemas no sistema da Anvisa, por causa da invasão."
No dia 9 [segunda-feira], às 15h, explicou Dimas Covas, a Anvisa pediu que o Butantan encaminhasse todas as notificações de eventos adversos em no máximo um dia. Às 18h do mesmo dia, a agência pediu para encaminhar rapidamente a documentação. "Mandamos e ficamos aguardando. Era umas 8h47 da noite quando os membros que compõem a equipe técnica do estudo no Butantan receberam um convite para uma reunião emergencial no dia 10 para tratar de assuntos relacionados às notficiações."
"E pouco mais tarde fomos surpreendidos pela notícia de que o estudo clínico havia sido suspenso dada a gravidade do efeito adverso. Esses são os fatos."
40 minutos depois
O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, negou que o Butantan precisou ser avisado pela imprensa da interrupção. "Enviamos o ofício ao instituto e só 40 minutos depois publicamos a informação em nosso site", declarou.
Segundo Barra Torres, a divulgação no site, antes de uma comunicação por telefone com o Butantan, por exemplo, ocorreu porque a agência tem obrigação de prestar contas de seu atos e sempre busca a transparência.
Ele esclareceu ainda que a medida só ocorreu porque não havia o posicionamento do comitê independente montado pelo grupo de estudo em relação ao evento adverso. "O Butantan não é o comitê independente", disse.
Barra Torres reafirmou que a paralisação foi técnica e tais medidas são corriqueiras no desenvolvimento de vacinas. Ele pediu para a população brasileira confiar nos laboratórios, citou Fiocruz e Butantan, e na seriedade da Anvisa nesse processo.
Ele também reclamou que a imprensa divulgou informações sobre o paciente responsável pelo evento adverso que fez o estudo da vacina ser interrompido.
Barra Torres não acredita que houve falha na comunicação e não considera que algo precise ser mudado na forma de tomar as ações daqui em diante.
A sessão deve se estender até o início da tarde desta sexta-feira.
O convite a Barra Torres e Dimas Covas foi aprovado por unanimidade e praticamente todos os deputados e senadores repetiram que não pode ocorrer politização de assuntos técnicos.
Mas a principal crítica de alguns parlamentares foi quanto à reação do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a dizer em uma rede social que a vacina que o governador de São Paulo, João Doria, quer oferecer aos brasileiros causaria “morte, anomalia e invalidez”. Ele afirmou ainda que o fato era mais um em que ele havia “ganho”.