CPI: Airton diz que politização atrapalhou compra de vacinas
Airton Cascavel, ex-assessor do ministro Pazuello disse que sua principal função no cargo era o contato com estados e municípios
Brasil|Do R7
Em depoimento à CPI da Covid, o empresário Airton Antônio Soligo, também conhecido como Airton Cascavel, ex-assessor especial do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello, lamentou que "a questão da vacina [contra covid-19] no Brasil tenha sido politizada". Mas não quis dizer quais os responsáveis pela politização.
"É uma ação de todas as partes, todas as esferas. E digo mais: continua politizada."
Ele explicou que ficou meses trabalhando na pasta mesmo sem ser nomeado (de abril ao fim de junho de 2020) por questões burocráticas do governo federal e afirmou que sua principal função no ministério era manter contato político com governadores, prefeitos e secretários do país.
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Foi por ter essa função que amarrou a reunião de 20 de outubro de 2020, na qual Eduardo Pazuello anunciou que compraria vacinas da CoronaVac, mas foi no mesmo dia desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Airton Cascavel diz que tomou conhecimento da desautorização pela imprensa. "Foi um fato público", mas não teve contato com Pazuello no momento em que ele afirmou que "um manda e outro obedece" ao explicar por que havia suspendido as compras da CoronaVac.
"Até aquele momento essa questão da CoronaVac estava pacificada com todos os governadores e o governo", disse Airton Cascavel.
Bolsonaro é acusado de ter tentado boicotar a compra da vacina chinesa CoronaVac, por ter sido adquirida pelo país por meio de uma negociação do Instituto Butantan e do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário político do presidente da República.
Airton Cascavel, no entanto, recusou-se a citar ou fazer críticas ao presidente.
Enfatizou que não tinha participação direta na negociação das vacinas, apenas buscava apoios políticos. "Valor, quantidade, datas, eu não sei, nunca participei disso."
"Se eu tivesse esse poder de decisão – muitas vezes, fica a imprensa dizendo da importância [que eu tinha] –, eu teria comprado. Mesmo não podendo comprar, como nenhuma lei permitia, eu teria comprado a Pfizer, eu teria comprado a Janssen. Se dependesse de mim, se eu tivesse esse poder, eu estaria aqui hoje respondendo por que tinha comprado."
Integrantes da CPI da Covid acusam o governo federal de ter ignorado os inúmeros pedidos de negociação da Pfizer, que via no Brasil uma importante vitrine para seu imunizante contra a covid..
O empresário explicou que não tinha acesso a detalhes das negociações por vacinas nem ficava sabendo do que estava sendo tratado em outros departamentos do ministério.