Dilma: 'Empresas não devem ser punidas por crimes de executivos'
Rousseff depôs para Moro como testemunha de ex-presidente da Petrobras
Brasil|Giuliana Saringer, do R7*

A ex-presidente Dilma Rousseff prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta sexta-feira (27). Dilma é testemunha de defesa do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, que é réu na operação Lava Jato.
Em um trecho do depoimento, Dilma defendeu que não se punam empresas, mas sim os executivos que usaram cargos para cometer crimes.
Bendine é acusado de receber R$ 3 milhões em propinas da Odebrecht para facilitar os interesses da companhia junto à Petrobras. O ex-presidente da estatal foi preso no dia 27 de julho deste ano.
O depoimento foi realizado por videoconferência, com Dilma em Belo Horizonte (MG) e Moro em Curitiba (PR). A petista disse que Bendine foi convidado para assumir a presidência da estatal quando a ex-presidente da Petrobras Graça Foster pediu para se afastar do cargo. Bendine assumiu no dia 6 de fevereiro de 2015.
— Eu escolhi o doutor Bendine e o doutor Ivan [Monteiro, assessor] pelo desempenho que haviam tido no Banco do Brasil. Foi um elemento bastante valioso para mim.
Dilma comentou o depoimento de Marcelo Odebrecht, que afirmou que o então ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, teria sido apresentado a ele como indicado de Dilma para cuidar de temas relativos à Lava Jato.
— Eu acredito que as pessoas tendem a fazer avaliações se colocando no centro do mundo, o que não é necessariamente verdade. Eu fui ministra-chefe da Casa Civil. O que cuida o ministro-chefe da Casa Civil? Cuida de toda a coordenação do governo e de todos os problemas, principamete dos problemas graves que o governo enfrenta. A designação do ministro mercadante como ministro-chefe da Casa Civil dá a ele essas atribuições.
Continuando, Dilma diz que um dos grandes problemas do governo que o ministro-chefe precisava lidar eram os desafios enfrentados pelas companhias investigadas na Lava Jato.
— Uma delas é que as empresas que estavam sofrendo investigações da Lava Jato, elas necessariamente estavam tendo problemas na área de retomar seus financiamentos internos e externos. Criava para o governo um grande problema, porque essas pessoas estavam comprometendo seus empregos e financiamentos. Então a discussão sobre a leniencia é uma discussao presente para o governo.
A ex-presidente complementou que defende que pessoas sejam punidas por atos criminosos, mas que empresas investigadas não podem ser afetadas.
— Eu acho que temos que punir maus feitos. Punir executivos e funcionários que pratiquem maus feitos. Punir quem quer que pratique maus feitos. Agora as instituições são produtos sociais, elas não podem ser punidas.
* Sob supervisão de Diego Junqueira.