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Em carta, Cunha nega influência em nomeação de vice da Caixa

Ex-deputado atribui responsabilidade a Temer e à senadora do PMDB do ES

Brasil|Diego Junqueira, do R7, com Estadão Conteúdo

Cunha escreveu a carta de dentro da penitenciária em Curitiba
Cunha escreveu a carta de dentro da penitenciária em Curitiba Cunha escreveu a carta de dentro da penitenciária em Curitiba

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB), condenado e preso em Curitiba (PR) no âmbito da Operação Lava Jato, negou nesta quarta-feira (17) que tenha influenciado a nomeação de Antonio Carlos Ferreira para a vice-presidência da Caixa Econômica Federal em 2014. Ferreira foi afastado do cargo nesta terça-feira (16), com mais outros três vice-presidentes, por suspeitas de corrupção.

"Não tenho nenhuma relação ou influência sobre essas nomeações e nem qualquer relação pessoal com eles; com relação ao Sr. Antonio Carlos Ferreira, o mesmo foi indicado em 2014, quando ocupava o cargo de Superintendente no Espírito Santo, em substituição a Geddel Vieira Lima, pela então Deputada e hoje Senadora Rose de Freitas diretamente ao então Vice-presidente Michel Temer no momento em que eu era líder da bancada do PMDB; Coube a Michel Temer a sua nomeação à época atendendo a hoje Senadora", escreve Cunha na carta.

Quatro dos 12 vice-presidentes da Caixa, além do presidente Gilberto Occhi, estão sendo investigados pela Polícia Federal e pelo MPF (Ministério Público Federal) nas operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis. Os quatro vices investigados são Deusdina Pereira (Fundos e Loterias), Roberto Derziê de Sant’Anna (Governo), Antonio Carlos Ferreira (Corporativo) e José Henrique Marques da Crus (Clientes, Negócios e Transformação Digital). Eles são acusados de vazamento de informações privilegiadas para políticos sobre andamento de pedidos de empréstimos, além de negociação de cargos e favores a políticos como moeda de troca para liberação de crédito. Em nota, eles negam as irregularidades.

Na carta, Cunha diz que esteve com Ferreira somente duas vezes, em 2014, após sua nomeação ao banco. Nos encontros, o então vice-presidente Corporativo do banco público se colocou à disposição da bancada do PMDB, seguindo orientação de Rose de Freitas.

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"São falsas as declarações dele em auditoria interna sobre diálogos comigo e desafio a prová-las. (...) É muito fácil nesse momento e chega até ser uma covardia pela minha atual situação me atribuir fatos inexistentes visando a encobrir os seus verdadeiros atos de corrupção envolvendo Joesley Batista", escreve Cunha.

Segundo as investigações do MPF, Ferreira, assim que assumiu o comando da VICOP (vice-presidência Corporativa da Caixa), recebeu três condições de Eduardo Cunha para que ficasse no cargo.

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"A primeira condição era a exoneração de Hermínio Basso, da DECOP. A segunda condição era realizar reuniões semanais, às terças-feiras pela manhã, na casa de Eduardo Cunha. Antônio Carlos Ferreira não teria compreendido o propósito dessas visitas, e Eduardo Cunha teria replicado que o intuito era 'prestar contas'. O terceiro pedido era de que Antônio Carlos Ferreira fornecesse listas de operações da VICOP de valor acima de R$ 50 milhões, que já houvessem sido aprovadas e nas quais o crédito estivesse prestes a ser liberado. Eduardo Cunha afirmou que a lista ajudaria a rentabilizar seu mandato", diz o relatório do MPF que recomenda o afastamento.

Os documentos também mostram uma relação entre o executivo e a JBS. Aos investigadores, ele disse que foi orientado por Occhi a se reunir com Joesley Batista sobre um linha de operação de crédito. Ferreira se reuniu com Joesley oito dias após a delação da JBS.

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O afastamento dos quatro vice-presidentes foi recomendado em dezembro pelo MPF, mas Temer insistia em manter os dirigentes no banco público. Até semana passada, Temer vinha se recusando a acatar a recomendação do MPF. Na primeira semana de janeiro, a Caixa enviou um documento ao MPF informando que manteria os executivos nos cargos.

Na terça-feira, contudo, Temer decidiu pelo afastamento após sofrer nova pressão do MPF, que ameaçou punições, além do Banco Central, que também recomendou a saída dos executivos.

O ministro Meirelles afirmou ainda na terça que a determinação do presidente foi tomada em caráter de urgência, por 15 dias, e que a decisão final caberá ao Conselho de Administração da Caixa. "Um novo estatuto está sendo aprovado e a partir daí o Conselho assume o total controle do processo de nomeação e exoneração de vice-presidentes e de outros executivos da Caixa".

Relembre

As operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis investigam se investimentos provenientes do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) — gerido pela Caixa —, da Vice-Presidência de Pessoa Jurídica do banco, de fundos de pensão e de instituições previdenciárias municipais e estaduais foram liberados para empresas mediante pagamento de vantagens indevidas para agentes públicos. Além de Cunha e dos vice-presidentes afastados, são alvos das investigações o doleiro Lúcio Bolonha Funaro e os ex-vice-presidentes da Caixa Fábio Cleto, delator da Lava Jato, e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, atualmente preso em Brasília.

Funaro, apontado como operador de Cunha, seria o elo entre os agentes públicos e os empresários que figuram nos inquéritos das operações. A suspeita é de que o grupo político ligado a Funaro atuava em vários setores da administração publica e próximo das fontes de liberação de dinheiro público. São investigados os crimes de corrupção passiva e ativa, além de lavagem de dinheiro, organização criminosa e tráfico de influência.

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