Ex-ministro Paulo Bernardo recebeu R$ 7 milhões em esquema de corrupção, diz Ministério Público
Ex-comandante do Planejamento e das Comunicações foi preso na Operação Custo Brasil hoje
Brasil|Do R7
Paulo Bernardo (PT), ex-ministro do Planejamento e das Comunicações nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, respectivamente, recebeu ao menos R$ 7 milhões do esquema de corrupção identificado pela Operação Custo Brasil, um desdobramento da da 18º fase da Operação Lava Jato.
A informação é do procurador da República Andrey Borges de Mendonça, um dos principais responsáveis pelas investigações contra o esquema de corrupção. Bernardo foi preso nesta quinta-feira (23) durante a Operação Custo Brasil da PF (Polícia Federal).
As apurações apontam que o esquema de repasses de propina vigorou durante cinco anos e começou depois que o Ministério do Planejamento contratou, em 2009, uma empresa terceirizada, o Grupo Consist, para controlar o sistema eletrônico do crédito consignado do governo federal.
Segundo as investigações, houve um direcionamento na contratação dessa empresa, que abriu mão do seu faturamento, direcionando pagamentos de, aproximadamente, 70% para corrupção. A Consist fazia repasses para um escritório de advocacia, que não prestava qualquer serviço em contrapartida e servia como "laranja", explicou Mendonça.
— Havia, nesse escritório de advocacia, um fundo, [cujos] valores eram direcionados ao então ministro do Planejamento. [...] Mesmo ele saindo do Ministério do Planejamento, ele continua recebendo valores enquanto ministro das Comunicações. Entre 2010 e 2015, ele recebeu mais de R$ 7 milhões.
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Ao lado do procurador da República, o delegado regional de combate ao crime organizado da PF, Rodrigo de Campos Costa, explicou que "esse escritório de advocacia foi contratado e prestava serviços fictícios".
— O advogado ficava com 20% [do dinheiro] e os outros 80% servia para pagamentos de custas [de Bernardo e do PT], como funcionários.
O procurador da República disse ainda que o esquema de corrupção só terminou em 2015 depois que a PF realizou a Operação Pixuleco 2, em agosto do ano passado. Mendonça também explicou que o ex-ministro fazia parte de organização criminosa, que atiava no "coração" do ministério que comandava.
— O esquema se inicia no final de 2009 e só cessa o esquema em função da operação Pixuleco de agosto de 2015. Ele só cessou por intervenção judicial. Então, o vínculo é estável e foram cometidos diversos crimes ao longo do tempo. As evidências apontam para uma organização criminosa no coração do Ministério do Planejamento.
Operação Custo Brasil
Na manhã desta quinta-feira, a PF prendeu o ex-ministro Paulo Bernardo (PT) em Brasília. Feita em parceria com o MPF (Ministério Público Federal) e a Receita Federal, a operação é um desdobramento da 18ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Pixuleco 2. A 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo expediu todos os mandados.
O ex-ministro da Previdência Carlos Gabas e o jornalista Leonardo Attuch também foram alvos da operação. De acordo com a PF, a ação apura o pagamento de propina, a partir de contratos de prestação de serviços de informática, na ordem de R$ 100 milhões, entre de 2010 e 2015.