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Falta de chuvas deve elevar valor médio da conta de luz em 7,5% 

Motivo é a seca que impede as hidrelétricas de gerar energia, forçando o governo a ativar as usinas termelétricas, mais caras

Brasil|Ulisses de Oliveira, do R7

Represa da hidrelétrica de Marimbondo praticamente seca, entre Icem e Guaraci, interior de SP
Represa da hidrelétrica de Marimbondo praticamente seca, entre Icem e Guaraci, interior de SP

Em meio à maior crise hídrica da história, conforme o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o valor médio da conta de luz dos brasileiros deve ficar entre 7% e 7,5%. A informação é do diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), André Pepitone da Nóbrega, que participou nesta terça-feira (15) de audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.

De acordo com o executivo, o impacto na tarifa de energia se dará devido ao incremento na cobrança das bandeiras tarifárias. Atualmente, o patamar 2 da bandeira vermelha, o mais caro sobre a conta de luz, é o que vigora no país, com um custo de R$ 6,24 a cada 100 kw/h consumidos. E o valor nesse sistema, em vigor desde 2015, deve subir mais de 20%, passando dos R$ 7,48.

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"Os 20% [divulgados] devem ter sido atrelados ao valor da consulta pública, que durou 30 dias, que apresentou um valor de R$ 7 e alguns centavos, mas com certeza esse valor deve superar um pouco os R$ 7, [deve superar] os 20%", afirmou Nóbrega, que alertou na sequência sobre a diferença entre o incremento na cobrança das bandeiras e o valor final da conta de luz.

"Não é a tarifa que vai subir 20%. Conseguimos fazer com que os aumentos que estão ocorrendo no país esse ano para o consumidor residencial fique na casa dos 7%, 7,5%", disse. "O que vai aumentar é o incremento da bandeira tarifária. Então a agência está tomando essa decisão ainda no mês de junho, apresentando novo valor que será recolhido na bandeira para pagar as térmicas."


Subestação de rede elétrica em São Paulo (SP). Conta de luz em junho é cobrada com a bandeira vermelha
Subestação de rede elétrica em São Paulo (SP). Conta de luz em junho é cobrada com a bandeira vermelha

Nóbrega explicou ainda que, com o pior período úmido desde 1931, o país praticamente não tem água para gerar energia nas hidrelétricas até novembro.

"Somente na segunda quinzena de outubro vai chover. Até lá atenderemos o país com as [usinas] térmicas [mais caras do que as hidrelétricas, matriz principal do Brasil]. E o importante do instrumento das bandeiras é a transparência na apresentação desse custo à sociedade", disse. "A melhor maneira de responder a isso é intensificar a prática consciente no consumo de energia."


Ainda de acordo com o diretor da Aneel, somado ao cenário hidrológico adverso, outros fatores contribuíram para a pressão na tarifa do consumidor. Entre eles está o IGP-M, que no acumulado dos últimos 12 meses teve crescimento de 37,04%, e o dólar, que afeta diretamente a geração de energia o cenário da barragem de Itaipu.

"Mas com o trabalho conjunto da Aneel, do Ministério de Minas e Energia e de outras instituições, conseguimos com o que valor do aumento ao consumidor fique na casa dos 7,5%", destacou.


A reunião contou ainda com a participação do diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi; da diretora-presidente da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), Christianne Dias Ferreira; do presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Thiago Barral; do coordenador-geral de Inpe (Ciências da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Gilvan Sampaio de Oliveira; e do presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira.

Diretor-geral da Aneel, André Pepitone da Nóbrega
Diretor-geral da Aneel, André Pepitone da Nóbrega

MP

Apesar de negar publicamente a possibilidade de racionamento de energia, o ministro de Minas Energia, Bento Albuquerque, tem em suas mãos uma medida provisória que dá as condições para se criar um comitê de crise, segundo publicou o jornal O Estado de S.Paulo. O colegiado terá o poder de implantar medidas, como a redução obrigatória do consumo e a contratação emergencial de termelétricas, a exemplo do ocorreu em 2001.

Suspensão de cortes de energia

Nóbrega revelou na audiência pública que a Aneel vai estender a suspensão do corte de energia para os consumidores de baixa renda por mais três meses, até setembro. O plano inicial era até o fim de junho.

"O objetivo da agência é atenuar o sofrimento da população mais vulnerável. Estamos com uma pandemia no país, o regulador está adotando boas práticas mundiais e tem que se sensibilizar no ambiente que regula", disse.

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