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Governo admite falhas no plano de interiorização de venezuelanos

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, esteve nesta quinta em Pacaraima, por duas horas, para avaliar os trabalhos da Operação Acolhida

Brasil|Diego Junqueira e Márcio Neves, do R7, enviados especiais a Pacaraima (RR)

Jungmann admite falhas na inteorização
Jungmann admite falhas na inteorização

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta quinta-feira (23), em Pacaraima (RR), que o plano para transportar refugiados venezuelanos de Roraima para outras partes do país, a chamada ''interiorização'', está atrasado por questões "burocráticas" e que é preciso "acelerar" esse processo.

— A interiorização implica em compartilhamento entre governo federal e governos estaduais. O governo federal não tem como impor a um determinado Estado que ele assuma um determinado número de imigrantes. Isso é uma negociação.

Raul Jungmann descarta liberação de mais verbas para Roraima

Durante visita às instalações do Exército na cidade, que fica a 200 km de Boa Vista, na fronteira com a Venezuela, Jungmann disse que é preciso "cooperação" dos Estados para resolver essa questão. O ministro, no entanto, se negou a dizer que falta interesse por parte dos governos estaduais.


— Eu diria que é um processo burocrático e administrativo. Vamos conversar com os governadores e vamos ampliar esse ciclo de assistência.

Jungmann esteve menos de duas horas no local, onde visitou o centro de acolhida e triagem dos refugiados além do único abrigo da cidade, exclusivo para indígenas venezuelanos (da etnia warao). 


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Roraima em crise

A intensificação da interiorização é um dos pedidos mais contundentes do governo de Roraima para aliviar a crise dos refugiados venezuelanos no Estado, reforçado por ofício enviado nesta quarta-feira (22) pela governadora Suely Campos (PP) ao presidente Michel Temer.


Com população de 500 mil pessoas, a gestão local calcula em 50 mil o número de venezuelanos. Com 10% a mais de moradores e 500 migrantes cruzando a fronteira todos os dias, o governo afirma que os serviços públicos estão colapsados, sobretudo hospitais e postos de saúde, onde o atendimento a venezuelanos passou de menos de mil, em 2014, para 50 mil em 2017 — e 45 mil só no primeiro trimestre deste ano. A interiorização é vista pela governadora como uma forma de compartilhar a crise com o restante do país.

Até o momento, no entanto, apenas 820 refugiados foram interiorizados. Jungmann disse hoje que é preciso "acelerar" esse processo.

— Muitas vezes falta trabalho e muitas vezes falta onde colocar. Não tem como simplesmente despejar as pessoas daqui. Se não você está deslocando o problema daqui para outro lugar. 

Na segunda-feira (21), o governo prometeu transferir mais mil venezuelanos, mas somente no final do mês.

Construção de abrigo

O acolhimento aos venezuelanos fica hoje a cargo de nove abrigos em Boa Vista, com capacidade para 4.400 refugiados. O ministro anunciou que um 10º está prestes a ser lançado para mais 600 pessoas, completando 5.000 vagas na capital.

Em Pacaraima, há um "dormitório de passagem" anunciado hoje pelo Exército que será usado exclusivamente por quem está tirando os documentos.

Jungmann anunciou também a construção de um "grande abrigo" entre Pacaraima e Boa Vista com foco em pessoas destinadas à interiorização. As obras, contudo, não começaram e não há prazo para isso acontecer.

O R7 entrou em contato com o governo de Roraima e aguarda um posicionamento sobre as declarações do ministro. 

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