Graça Foster diz que câmbio é “inimigo” da Petrobras
Ex-presidente da estatal depõe em CPI na Câmara dos Deputados
Brasil|Bruno Lima, do R7, em Brasília

A ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta quinta-feira (26) durante depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara dos Deputados, que investiga fraudes em contratos da empresa, que a taxa de câmbio prejudica os negócios da companhia.
Câmbio é a operação de troca de moedas entre dois países. Graça Foster explicou que as negociações feitas com o câmbio superior a R$ 3 não é interessante para o faturamento da petroleira.
— Existe um inimigo muito grande da Petrobras que é o câmbio. O câmbio a R$ 3,28, a R$ 3,33, acima de R$ 3 é muito ruim para a Petrobras. Mas mesmo assim, hoje a gente tem uma defasagem no preço da gasolina e diesel a favor da Petrobras que faz melhorar o fluxo de caixa.
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O depoimento da ex-presidente da estatal já dura uma hora. Graças Foster foi convocada em substituição a Julio Faerman, representante da SBM Offshore no Brasil, que não foi localizado pela comissão.
Graça também afirmou que a Operação Lava Jato “atrasa” a formulação do balanço da Petrobras e isso dificulta o acesso ao mercado financeiro. Ela disse ter adotado medidas de controle interno, mas destacou que a atuação de órgãos como o TCU (Tribunal de Contas da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União) melhoraram a gestão da empresa.
— Eu, na minha gestão, criei uma área especifica para atender o Tribunal de Contas da União. Eu acho sempre positiva a intenção, a interação, com o Tribunal de Contas da União e isso ajuda a nossa gestão.
No entanto, ela ressaltou que a Polícia Federal foi a responsável pela investigação que revelou o esquema de corrupção, e que "não foram os auditores nem a própria empresa que descobriu".
A ex-executiva disse que nunca chegou a seu conhecimento qualquer indício de fraude nas contratações de empreiteiras e que o esquema se formou fora da Petrobras.
— Eu jamais soube de um resultado ou quem venceu uma licitação, até que os envelopes fossem abertos.
Foster já foi ouvida na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) instalada por Câmara e Senado em 2014.Ela deixou o comando da Petrobras em fevereiro deste ano após os desdobramentos da operação Lava Jato, da Polícia Federal.
A troca na presidência da estatal também foi motivada pela dificuldade na contabilização dos prejuízos com fraudes em contratos de obras durante anos.