Índice que mede qualidade de vida do brasileiro aumenta 47% em 20 anos
Redução da desigualdade social, no entanto, ainda é o maior desafio do Brasil
Brasil|Kamilla Dourado, do R7, em Brasília
A melhora na expectativa de vida e o avanço dos índices de educação elevaram em 47% a qualidade de vida nos últimos 20 anos no País. Neste período, a classificação do Brasil foi de muito baixo (0,493) para alto (0,727), segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013.
O estudo calcula o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de 5.565 municípios brasileiros. O índice varia de zero a um: quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento humano da cidade.
Os dados fazem parte de um estudo do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), da ONU (Organização das Nações Unidas), divulgado nesta segunda-feira (29). O estudo calcula o IDHM de 5.565 municípios brasileiros. O índice varia de zero a um: quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento humano da cidade.
Foram analisados 180 indicadores de demografia nas áreas de saúde, educação, habitação, renda e inclusão no mercado de trabalho e vulnerabilidade. O IDHM é uma adaptação do IDH — Índice de Desenvolvimento Humano. O IDHM compara a qualidade de vida entre os municípios, enquanto o IDH compara o índice entre os países.
O índice longevidade (0,816) é o mais elevado entre todos os indicadores e puxou para cima a qualidade de vida do brasileiro. Nos últimos 20 anos, a expectativa de vida ao nascer subiu 9,2 anos, chegando a 73,9 anos.
São Caetano do Sul tem a melhor qualidade de vida do Brasil
Seis em cada dez cidades do Nordeste têm baixa qualidade de vida
A melhora de renda do brasileiro também ajudou a alavancar a classificação do Brasil. O ganho médio subiu cerca de 70% de 1991 para 2010. Segundo o presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcelo Néri, houve, nos últimos 20 anos, também uma mudança de cultura do brasileiro.
— O protagonista dessa mudança é o brasileiro, através da renda do trabalho e da educação, o Bolsa Família eu acho que teve um papel coadjuvante, embora eu ache que ele até mereceria o Oscar de melhor coadjuvante, mas ele é um coadjuvante.
Apesar de ter sido o índice que mais cresceu nos últimos 20 anos, cerca de 120%, a educação é que menos contribuiu para a melhora de vida do brasileiro. O item saltou de 0,278 em 1991 para 0,637 em 2010, ainda assim, abaixo do considerado ideal.
Desigualdade Social
A desigualdade social ainda é o fator que mais desafia o País, a diferença de renda por pessoa é de mais de 2.000%. Em 2010, apenas 11,1% dos municípios avaliados tiveram renda superior à média nacional. De acordo com Néri, houve melhora na distribuição de renda, mas o cenário precisa de mudanças significativas.
— É o principal problema do Brasil [desigualdade], se olharmos as regiões, se olharmos a fotografia, é uma fotografia muito ruim, mas é um belo filme dos últimos 20 anos, essa queda da desigualdade. O Brasil conquistou estabilidade na década de 90, conquistou uma menor desigualdade nos últimos 10 anos, a má notícia é que a fotografia ainda é muito ruim, a boa notícia é que ela ainda pode continuar melhorando muito, ela tem muito que melhorar em todas as frentes.
O estudo foi divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada e a Fundação João Pinheiro. Os dados são calculados com base nos censos demográficos de 1991, 2000 e 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)