"Isso tudo é um grande absurdo", diz delegado acusado
Um dos suspeitos pela morte de Luiz Merlino, Dirceu Gravina atua hoje na Polícia Civil de SP
Brasil|André Caramante, do R7, Tatiana Merlino, colaboração para o R7
Dirceu Gravina, atualmente delegado da Polícia Civil de São Paulo em Presidente Prudente, disse na manhã desta segunda-feira (22) que as acusações contra ele pela tortura e morte do jornalista Luiz Merlino não fazem o menor sentido.
“Nem sei quem era essa rapaz [Merlino]. Isso tudo é um grande absurdo”.
Segundo Gravina, que hoje diz cumprir funções na Polícia Civil paulista, “até parece que ele era o general do Exército na época da Ditadura”.
“Tudo sobra para mim porque sou o único policial que serviu no DOI e que ainda está vivo. Eu tinha 19 anos e não participei de nada contra essa jornalista. Tudo sobra para mim! Não tem cabimento ouvir uma coisa dessas”.
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O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra não foi localizado pela reportagem nesta segunda-feira (22). De acordo com sua mulher, Maria Joseíta Brilhante Ustra, o coronel reformado não dá mais entrevista sobre o período em que atuava à frente do DOI.
— Ele já disse tudo o que tinha para ser dito a respeito desse período à Comissão da Verdade.
Ao ser informada pela reportagem sobre a denúncia do MPF à Justiça Federal pela tortura e morte do jornalista Luiz Merlino, Maria Joseíta afirmou que entraria em contato com o marido para informá-lo sobre e que, caso quisesse ele, retornaria ao pedido de entrevista para se posicionar sobre a morte de Luiz Merlino.
— Ele [Carlos Ustra] está cansado de apresentar sua versão sobre aquele período e quase tudo ser veiculado pela imprensa de maneira distorcida. Se o senhor [repórter] quiser mesmo saber a versão dele, tomarei o cuidado de te enviar um livro com a versão dele sobre tudo aquilo. Me passe seu endereço e o livro [“A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”] chegará para você em breve. Está tudo ali. Leia com atenção
Depois disso, Maria Joseíta anotou telefones para um possível retorno por parte de Ustra Brilhante à reportagem, o que não aconteceu.
— Vou dizer para ele que essa denúncia pela morte do Luiz Merlino está para acontecer. Quem sabe ele aceita falar.
O médico legista Abeylard Orsini afirmou que não tem recordação alguma sobre ter atuado em uma possível falsificação do laudo necroscópico sobre a morte de Luiz Merlino.
— Não me lembro disso, rapaz. Não sei pormenores. Não tenho mais ideia formada sobre aquele período. Estou com 87 anos de idade e não me recordo daquelas coisas mais.
O delegado Aparecido Laertes Calandra não foi localizado pela reportagem.