'João de Deus deve se apresentar e colaborar', diz amigo de médium
Justiça de Abadiânia (GO) aceitou o pedido feito pelo Ministério Público do Estado e decretou, nesta sexta-feira (14), a prisão do João de Deus
Brasil|Kaique Dalapola, do R7
Após ter a prisão decretada pela Justiça de Abadiânia (GO), o médium João de Deus deve se apresentar para a polícia para ser detido. É isso que acredita o advogado Thales Jayme, amigo do suspeito de assediar sexualmente centenas de mulheres durante rituais religiosos.
“Sou amigo pessoal dele e advogado, mas não estou com esse caso. Ele está sabendo que foi decretada, e agora está pensando em uma alternativa: fazer o pedido de habeas corpus, se apresentar. Pelo que conheço, ele vai se apresentar e colaborar com as investigações”, disse Jayme.
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O amigo disse que se reuniu nesta tarde com familiares do suspeito e tem falado a todo momento com ele. Jayme diz ainda que, apesar de achar que João de Deus vai se entregar, a decisão ainda deve ser tomada pelo próprio suspeito e pelo advogado que está com ele no caso.
O amigo afirma que agora é preciso “cuidar da segurança para o momento da apresentação” e, depois, precisa ver o local que o médium vai ficar preso, por causa da idade dele e de problemas de saúde que requer frequentes cuidados médicos.
O Ministério Público também estaria com a mesma preocupação sobre o destino do médium. Na tarde desta sexta-feira (14), a polícia atenderia a imprensa para dizer sobre o caso. No entanto, por meio de nota, a Polícia Civil disse que cancelou porque, depois da decisão judicial, "se empenha em dar cumprimento" ao mandado de prisão.
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A defesa de João de Deus enviou uma nota à imprensa na tarde desta sexta (14) após o pedido de prisão.
"Nota da defesa de João de D'us
1. Na última segunda-feira, dia 10/12/2018, estivemos no MP estadual em Goiania para obter cópias dos depoimentos prestados pelas vitimas e amplamente noticiados pela imprensa. O pedido foi negado sob o argumento da preservação do sigilo.
2. Agora veio o decreto de prisão preventiva e, estranhamente, nos disseram que o processo fora encaminhado de Abadiânia para Goiânia a fim de que o MP tomasse ciência da decisão. Sim, é importante que o órgão acusatório tome ciência, mas ninguém se preocupou em disponibilizar uma simples cópia da decisão para a defesa.
3. É inaceitável a utilização de pretextos e artifícios para se impedir o exercício do direito de defesa. Sobretudo no que diz com o direito básico de se aferir a legalidade da decisão mediante a impetração de habeas corpus. Até mesmo o número do processo não se disponibiliza à defesa.
4. Que a autoridade judiciária queira impor a preventiva, embora possamos discordar, é compreensível, mas negar acesso aos autos, chega a ser assombroso."
Entenda o caso
Na noite desta quarta (12), a Promotoria de Justiça de Goiás solicitou a prisão preventiva do médium, cinco dias depois de as primeiras denúncias de abusos sexuais começarem a aparecer.
Uma força-tarefa foi criada pelo MP para ouvir as vítimas do médium. Até a noite desta quinta-feira (13), 330 mulheres, só em Goiás, foram atendidas pela equipe criada especialmente para atender o caso.
Em sua primeira aparição pública após as denúncias, na manhã desta quarta-feira (12), João de Deus ficou cerca de 10 minutos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás. O médium e se disse inocente e declarou ainda que estava à disposição da Justiça.
Outro lado
O advogado criminalista Alberto Toron, que representa João de Deus, se posicionou sobre as acusações de abuso sexual contra o médium em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo. Ele afirmou que o médium “nega e recebe com indignação a existência dessas declarações”.
“O que eu quero esclarecer, que me parece importante que se esclareça ao grande público, é que ele tem um trabalho de mais de 40 anos naquela comunidade, atendendo a todos os brasileiros, atendendo gente de fora do país, sem nunca receber esse tipo de acusação”, disse o advogado.
Ainda segundo Toron, João de Deus vai se apresentar à Justiça nos próximos dias para colaborar no que for necessário.
O R7 tenta desde segunda-feira (10) ouvir o advogado, mas ainda não obteve resposta. Um novo contato foi realizado nesta quarta-feira (12), após o pedido de prisão. Uma entrevista com o médium também foi solicitada, também sem posicionamento do acusado.