João de Deus e a mulher são indiciados por posse ilegal de armas
Médium está preso Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia desde 16 de dezembro do ano passado após denúncias de abuso
Brasil|Juliana Moraes, do R7
João de Deus e a mulher dele, Ana Keyla Teixeira, foram indiciados por posse ilegal de armas na manhã desta quinta-feira (10). A informação foi divulgada pela delegada Karla Fernandes durante coletiva de imprensa da Polícia Federal.
"Hoje, podemos considerar que a força-tarefa da Polícia Civil encerrou todos os seus procedimentos, porque já foram indicados em dois [casos] posse ilegal de arma. Tanto o João Teixeira como a esposa dele, Ana Keyla, uma vez que ambos moram nas mesmas residências, tanto de Abadiânia, como Anápolis. Nas duas cidades, houve apreensão de armas de fogo", afirmou a delegada.
A delegada ainda informou que João de Deus foi indiciado mais uma vez por abuso sexual nesta quinta.
"Também estamos encaminhando um hoje dele sendo indiciado por fato ocorrido em 2016, em que a vítima representou na data correta, e reside em São Paulo. Esse inquérito já tinha sido instaurado em agosto do ano passado e está sendo também enviado com indiciamento", declarou. "Os outros três que estavam também em andamento estão sendo relatados sugerindo arquivamento, uma vez que tem extinção de punibilidade. Ou seja, todos os procedimentos em andamento na Polícia Civil, até o presente momento, estão sendo encaminhados ao Poder Judiciário tanto de Abadiânia quanto de Anápolis", completou.
Ao R7, Alberto Toron, advogado criminalista que defende João de Deus, declarou que, "por ora", não vai se manifestar sobre o assunto.
João de Deus está preso desde 16 de dezembro do ano passado no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Nesta quarta, a delegada interrogou João de Deus sobre o crime de posse ilegal de arma de fogo e o depoimento durou cerca de duas horas na cadeia.
"A maioria ele alega [das armas] que estava fazendo um bem para a comunidade. Uma ele alega que pegou de uma mulher que estava querendo se suicidar. Outra, de uma mulher que ia matar o marido e a amante. Outra, ele trocou numas pedras no garimpo, outra um garimpeiro entregou para ele porque emprestou um dinheiro e outras duas ele não recorda", afirmou.
Karla Fernanda ainda explicou o motivo pelo qual indiciou a mulher do médium também por posse ilegal de arma. "Arma de fogo em casa não é permitido se a pessoa não tem o porte e a posse ou o registro dela. Uma vez que residem no mesmo local, ambas as pessoas são responsáveis tendo o conhecimento, uma vez que a arma estava, inclusive, na gaveta de peças íntimas dela."
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Nesta quarta-feira (9), o médium virou réu no processo que apura se ele abusou sexualmente de mulheres.
Entenda o caso
João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, é acusado por diversas mulheres de abuso sexual durante os atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás.
O Ministério Público denunciou o médium em 28 de dezembro por quatro crimes: dois por violação sexual mediante fraude e dois por estupro de vulnerável.
Durante as buscas nas casas de João de Deus, foram encontradas armas, esmeraldas e malas de dinheiros. A Justiça de Goiás concedeu habeas corpus pelo porte ilegal de arma. O médium, no entanto, continua preso por ser investigado pelos crimes de estupro, estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude. Para esses crimes, o habeas corpus foi negado.
O MP recebeu mais de 600 e-mails com denúncias contra o médium. As mulheres que denunciaram João de Deus têm idade entre 9 e 67 anos.
Até o momento, a Polícia Civil colheu depoimentos de 16 mulheres. O Ministério Público, porém, já ouviu mais de 100. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 50 milhões das contas do médium.
Na última quarta-feira (2), João de Deus passou mal e foi levado às pressas para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Na quinta-feira (3), teve alta e voltou para o Núcleo de Custódia, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO), onde está preso.
O advogado criminalista Alberto Toron, que representa João de Deus, nega as acusações de abuso sexual contra o médium.
Nesta segunda-feira (7), as denúncias contra o médium voltaram a ser analisadas pelo TJ-GO (Tribunal de Justiça de Goiás).