Juiz deixa Corte Interamericana por denúncia de violência doméstica
Roberto de Figueiredo Caldas é acusado pela ex-mulher de agressão verbal e física, além de violência psicológica. Áudios revelam histórico de xingamentos
Brasil|Diego Junqueira, do R7, em São Paulo
O juiz brasileiro Roberto de Figueiredo Caldas, membro da Corte Interamericana de Direitos Humanos, decidiu se afastar temporariamente do cargo na última sexta-feira (11) após ser acusado pela ex-mulher, Michella Marys, de violência doméstica, física e psicológica.
O caso, revelado pela revista “Veja”, é investigado pela Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher), de Brasília (DF).
De acordo com a publicação, Michella apresentou queixa em 13 de abril por injúria, ameaça e agressões físicas. O casal se separou em dezembro passado após relação que durou 13 anos.
Na última sexta-feira, Michella protocolou na Deam uma série de áudios que ela própria gravou com ameaças do ex-marido durante o período em que estiveram casados.
As gravações, publicadas pelo site brasiliense “Metrópoles”, revelam diversas ofensas de Caldas durante discussões do casal. O juiz, que é conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos humanos, chama a então mulher de “cachorra”, “safada”, “vagabunda”, “gorda”, “burra”, “filha da puta”, entre outros xingamentos.
Em uma das gravações, Michella mostra para o então marido marcas em seu corpo após ele agredi-la com o controle remoto. Neste áudio, Caldas responde com dois xingamentos: “vaca” e “gordona escrota”.
Ao fazer a denúncia em abril, Michella relatou um caso de violência de 23 de outubro de 2017, quando Caldas a teria agredido e empurrado por uma escada abaixo.
O advogado do jurista, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, informou ao R7, em nota, que “reconhece serem graves as inúmeras ofensas verbais”, mas diz que as agressões ocorreram de ambas as partes e se devem a uma “tumultuada relação”.
O advogado diz que a ex-mulher do juiz o gravou por seis anos, o que revela uma “relação doentia”. Caldas nega qualquer agressão física. Veja a nota completa:
“A defesa de Roberto Caldas vem a público afirmar que reconhece serem graves as inúmeras ofensas verbais feitas pelo casal ao longo de uma tumultuada relação, reveladas em gravações que vieram a público. A sua ex exposa o gravou por 6 anos, o que demonstra uma relação doentia por parte dela, repleta de inconfessáveis motivos, mas, de qualquer maneira, as ofensas verbais são injustificáveis. O Dr. Roberto Caldas nega peremptoriamente qualquer agressão física. As fotos mostradas são impactantes mas dissociadas da realidade, nada provam contra o Dr. Roberto Caldas. Ao longo de 6 anos a ex mulher o gravou! Se houvesse qualquer agressão física, parece evidente, teria sido constatada em 6 anos de gravação clandestina. A defesa se reserva o direito de não usar, pela imprensa, por ser um processo em segredo de justiça, e, principalmente, por envolver os filhos menores do casal, bem como a filha da sua ex mulher, a quem trata como se filha fosse, os elementos gravíssimos que demonstram a conduta criminosa da sua ex mulher. Há crimes contra a vida anteriormente perpetrado, revelados em processo judicial, e outros graves crimes em época recente. Nada será objeto de exposição midiática ainda que o objetivo principal da sua ex mulher seja exatamente este. Ressalta a defesa que, independentemente de qualquer acusação, reconhece que os limites da ética foram ultrapassados e as agressões verbais são injustificadas. Mas o Dr. Roberto Caldas não reconhece nenhuma agressão física. Aguarda a defesa, mesmo com o avassalador destaque negativo, que possa provar a verdade ao longo do processo. Kakay”, escreveu o advogado.