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Lava Jato mira ex-governador de Goiás Marconi Perillo

Autoridades cumprem mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva em dois estados brasileiros

Brasil|Giuliana Saringer, do R7

Operação foi batizada de Cash Delivery
Operação foi batizada de Cash Delivery

A PF (Polícia Federal) iniciou na manhã desta sexta-feira (28) uma operação que investiga pagamentos indevidos a agentes públicos de Goiás. O ex-senador e ex-governador Marconi Perillo (PSDB) é um dos alvos da ação, que teria recebido R$ 12 milhões. 

Como Perillo é candidato a senador por Goiás nas eleições de 2018, ele não pode ser preso entre 15 dias antes e dois dias depois da votação. O primeiro turno será realizado no dia 7 de outubro deste ano. 

Outros empresários, um policial militar, um ex-policial militar e um advogado também são alvos da operação. Os envolvidos vão responder pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. 

Segundo o MPF (Ministério Público Federal), 65 policiais participam da ação para cumprir 14 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão temporária, expedidos pela 11ª Vara da Justiça Federal de Goiás nas cidades de Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), Pirenópolis (GO), Aruanã (GO), Campinas (SP) e São Paulo (SP). As autoridades buscam por "provas que estejam em poder dos investigados, com a finalidade de tentar identificar o destino da propina recebida". 


Batizada de Cash Delivery, a operação é um desdobramento da Lava Jato e contou com colaborações premiadas de executivos da Construtora Norberto Odebrecht realizadas junto à PGR (Procuradoria-Geral da República).

Segundo as delações, Perillo teria solicitado e recebido propina no valor de R$ 2 milhões em 2010 e R$ 10 milhões em 2014 para favorecer os interesses da empreiteira em contratos e obras no Estado de Goiás.


Procurado pelo R7, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Perillo, diz que "repudia a ação deflagrada hoje em Goiás". Leia o posicionamento:

"A Defesa do Marconi Perillo vem a público explicitar o mais veemente repúdio à ação deflagrada hoje em Goiás. O ex-governador foi citado na delação da Odebrecht por fatos ocorridos em 2010 e 2014. É evidente que os fatos devem ser apurados e a Defesa não tem nenhuma preocupação com a investigação. A palavra do delator é isolada e não há, sequer en passant, qualquer fiapo de indício contra o Marconi Perillo. A busca e apreensão na residência do ex-governador há 9 dias da eleição assume um caráter claramente eleitoreiro e demonstra um abuso por parte do Ministério Público e do Poder Judiciário. É, sem dúvida, uma clara interferência, indevida e perigosa, contra a a estabilidade democrática. Os fatos citados pelo delator, sem provas, se referem a questões antigas. A falta de contemporaneidade, já decidiu várias vezes o Supremo Tribunal, é impeditivo de prisões e qualquer outra medida constritiva contra qualquer cidadão. Importante esclarecer que NÃO é verdade que o ex-governador teve mandado de prisão decretado, mas teve busca e apreensão e esta medida, neste momento, já é uma grave agressão. Uma violência inexplicável ao estado democrático de direito". 


Investigações da operação

As investigações começaram em junho de 2017, quando Marconi Perillo renunciou ao mandato de governador de Goiás e seu caso foi para a primeira instância, já que não teria mais foro privilegiado. 

Em junho de 2018, a Justiça Federal autorizou acesso aos e-mails e aos extratos das ligações telefônicas dos investigados, bem como às suas respectivas localizações, com base em informações das antenas das operadoras de celulares. Em agosto de 2018, foi autorizado judicialmente o compartilhamento e o uso, nas investigações, das provas obtidas nas 23ª e 26ª fases da Operação Lava Jato.

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