Ministério Público de São Paulo ouve 28 denúncias contra João de Deus
Mais cinco depoimentos estão previstos na capital paulista para esta terça-feira (18); médium está preso desde o último domingo (16)
Brasil|Da Agência Brasil
A força-tarefa do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) ouviu, em uma semana, 28 mulheres que denunciaram o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus.
Famoso por ter recebido celebridades nacionais e internacionais em Abadiânia, no interior de Goiás, o médium está preso desde domingo (16) por denúncias de abuso sexual.
Para esta terça-feira (18), estão previstos mais cinco depoimentos na capital paulista. A partir desta quarta (19), o Ministério Público entra em recesso e, com isso, as oitivas serão suspensas e retomadas em 7 de janeiro do próximo ano. O Ministério Público de Goiás já recebeu 506 acusações.
As pessoas que se dizem vítimas do médium também podem enviar os relatos para denuncias@mpgo.mp.br.
Em São Paulo, o e-mail para denúncias é somosmuitas@mpsp.mp.br. Todas as mulheres serão ouvidas em sigilo e não terão a identidade divulgada.
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Defesa
Um pedido de habeas corpus impetrado pelos advogados do João de Deus tenta transformar a decisão judicial de prisão preventiva em prisão domiciliar com uso tornozeleira, por causa da idade avançada e dos problemas de saúde do médium. Ele se entregou à polícia domingo, em uma área rural de Abadiânia, após longa negociação.
Os advogados reiteram a inocência do médium e levantam dúvidas sobre o comportamento das possíveis vítimas e o conteúdo dos depoimentos.
A polícia também investiga uma recente movimentação de cerca de R$ 35 milhões nas contas de João de Deus.
Outro lado
O advogado criminalista Alberto Toron, que representa João de Deus, "nega e recebe com indignação a existência dessas declarações" e acusações de abuso sexual contra o médium.
João de Deus também foi acusado pelo Ministério Público de sacar R$ 35 milhões após as denúnicas e a defesa também nega tal acusação. "O Ministerio Público vem falando em ocultação de valores e lavagem de dinheiro em razão do suposto 'saque' de RS 35 milhões do Banco por João de Deus. Em primeiro lugar, o relatório do COAF descreve o resgate de aplicações financeiras, não saque. Como sabem os promotores de justiça, não se lava dinheiro limpo, não se lava dinheiro que é seu e estava no banco. Sequer está claro se houve realmente movimentação nesse valor".
Ainda segundo o advogado criminalista, "a complexidade das suspeitas exige serenidade e tempo para que seja realizado um julgamento justo, imparcial e válido."
João de Deus se entregou às autoridades na tarde de domingo (16) em uma estrada vicinal, na BR-060, localizada no município de Abadiânia, após uma negociação entre o advogado criminalista Toron e o delegado-geral da Polícia Civil, André Fernandes.