Negros ganham 42,5% menos e ocupam 30% dos cargos de chefia
IBGE aponta que 68,6% dos gerentes são pessoas brancas; pretos e pardos são a maior parte da população, 55% do total, mas ocupam vagas inferiores
Brasil|Do R7

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que os brancos são maioria entre os ocupantes de cargos gerenciais no Brasil em 2018: 68,6% das pessoas nesse nível. Pretos e pardos são 29,9%, apesar de esse grupo representar mais de 55% da população do país.
A terminologia é usada pelo instituto. Para o IBGE, são negros todos que se declaram pretos e pardos.
O estudo foi divulgado nesta quarta-feira (13) com uma série de indicadores de desigualdades raciais no Brasil no ano passado, baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad Contínua.
Após análise das pessoas ocupadas no país, as informações mostram ainda que os pretos e pardos ganham, em média, R$ 1.608, ou 42,5% (R$ 1.188) a menos que os brancos, que têm salário médio de R$ 2.796.

"O recorte tanto por nível de instrução quanto por hora trabalhada reforça a percepção da desigualdade por cor ou raça. Em 2018, enquanto o rendimento médio das pessoas ocupadas brancas atingiu R$ 17,00 por hora, entre as pretas ou pardas o valor foi R$ 10,1", diz a pesquisa do IBGE.
O IBGE aponta também que a disparidade salarial ocorre em pessoas com níveis de instrução mais elevados, sendo que pretos e pardos com ensino superior, por exemplo, ganham menos que brancos com a mesma escolaridade.
"Para que esse cenário possa ser modificado, precisamos combater veementemente o racismo, em todos os âmbitos nos quais ele se apresenta. A igualdade racial e a luta antirracista precisam ser uma causa de todos, não apenas dos negros. Essa é a única forma de podermos começar a construir uma sociedade menos desigual e excludente", analisa Heloise da Costa, do Instituto Identidades do Brasil, que desenvolve trabalhos para promoção da igualdade racial no país.
A pesquisa aponta ainda que os negros são a maior parte da força de trabalho no país. Em 2018, tal contingente correspondeu a 57,7 milhões de pessoas, ou seja, 25,2% a mais do que a população de cor ou raça branca, de 46,1 milhões.
Os indicadores também mostram que pretos e pardos são maioria entre as pessoas que trabalham em atividades informais, a maior parte no Nordeste. E que eles são ainda 64% das pessoas desocupadas no país, que não exerceram nenhuma atividade remunerada no ano passado.

A morte do jovem negro Michael Brown pelas mãos de um policial no Estado de Missouri e os protestos que ocorreram desde então voltaram a evidenciar como os Estados Unidos não conseguiram se livrar de suas tensões raciais. Brown estava desarmado quando...
A morte do jovem negro Michael Brown pelas mãos de um policial no Estado de Missouri e os protestos que ocorreram desde então voltaram a evidenciar como os Estados Unidos não conseguiram se livrar de suas tensões raciais. Brown estava desarmado quando um policial atirou nele há uma semana na pequena cidade de Ferguson, um subúrbio de St. Louis de maioria negra, mas com uma polícia majoritariamente branca. Nos dias seguintes, Ferguson tornou-se palco de uma batalha entre as autoridades e dezenas de manifestantes que reprovavam o comportamento da polícia, enquanto vigílias e minutos de silêncio foram realizadas em várias cidades. Na madrugada deste domingo (17), houve confrontos entre a polícia e um grupo de 150 pessoas que se recusou a obedecer um toque de recolher estabelecido pelo governo do estado. Sete pessoas foram presas e um homem, segundo a polícia, foi baleado — as circunstâncias ainda não foram esclarecidas