Pesquisa mostra que 86,53% dos funcionários não estão satisfeitos na Polícia Federal
Para o vice-presidente da entidade, dados "refletem um ambiente de trabalho doente"
Brasil|Do R7
Tantas operações espetaculares e glamourizadas pela mídia, prestígio e poder de sobra, mas infelizes da vida. É esse o cenário em parte da família da Polícia Federal, indica pesquisa inédita da Fenapef (Federação Nacional dos PFs), entidade que abriga 10 mil agentes, escrivães e papiloscopistas da corporação em atividade no País.
Os federais avaliam que 86,53% deles não estão bem no trabalho. Apenas 13,47% se dizem satisfeitos. Um universo de 97,84% alega que não lhes são conferidas as mesmas oportunidades de crescimento profissional, enquanto 90,76% informaram que se consideram "subaproveitados" e 76,23% não são motivados.
O critério político permeia a escolha dos que ocupam postos de chefia, opinaram 75,64% — apenas 24,36% acreditam que as indicações obedecem quesitos de mérito ou competência. Ao todo, 69,03% entendem que o ambiente de trabalho prejudica a saúde dos federais — 30,30% responderam que por causa da atividade se submetem ou já se submeteram a tratamento psicológico ou psiquiátrico.
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A pesquisa mostra que 68,2% deixariam a PF para atuar em outro órgão federal, desde que "com a mesma remuneração e regime jurídico" — 77,92% não recomendariam a carreira para um amigo ou parente. E 99,28% afirmaram que os dirigentes da instituição "não atuam na defesa e na valorização de todos os cargos de forma isonômica".
Para o vice-presidente da entidade, Luís Antônio de Araújo Boudens, "os dados são incontestáveis, refletem um ambiente de trabalho doente". Ele informou que o mapeamento será levado ao Ministério do Planejamento e ao da Justiça e à OIT (Organização Internacional do trabalho).
A Fenapef também aloja delegados, mas poucos. O presidente da Associação dos Delegados da PF, Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, não concorda em politização na corporação. Ele representa os 1.700 delegados federais.
— A indicação política tem um tom pejorativo. Os cargos na PF são ocupados por servidores de carreira, efetivos e concursados, em regra não são pessoas que vêm de fora [...] Até posso concordar que os agentes, escrivães e papiloscopistas gostariam de ter mais espaço ou melhor participação na estrutura. Mas não existe escolha política.