PF foi recebida a tiros em operação no Amazonas, diz subprocuradora
Lindôra Araujo afirma que disparos foram feitos pelo filho do empresário Nilton Lins, um dos alvos da Operação Sangria
Brasil|Do R7, com Linda Almeida, da Record TV
A subprocuradora Lindôra Maria Araujo, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), afirmou que a PF (Polícia Federal) foi recebida a tiros nesta quarta-feira (2) pelo filho do empresário Nilton Lins, um dos alvos da 4ª fase da Operação Sangria, que apura desvios na construção de hospital de campanha do Estado do Amazonas.
Nesta manhã, foram cumpridos seis mandados de prisão e 19 de busca e apreensão no Amazonas. Os agentes foram até a casa do governador Wilson Lima para fazer buscas, na Secretaria de Saúde e na residência do secretário Marcelluls Campêlo.
A fala de Lindôra foi feita durante o julgamento da investigação sobre o recebimento da denúncia contra o governador do Amazonas, Wilson Lima, investigado pelo crime de peculato.
O tema ainda será analisado na sessão do próximo dia 28 de junho. Segundo o ministro Francisco Falcão, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), o Ministério Público e a Defesa dos acusados serão ouvidos na sessão. Outros ministros, no entanto, questionaram o adiamento.
Nabor Bulhões, um dos advogados de defesa dos acusados, disse que seus clientes não tiveram tempo de apresentar suas defesas a respeito do caso. Ele pede a anulação do julgamento.
A quarta fase da Operação Sangria ocorre após as investigações identificarem irregularidades na prestação de serviços para atender a unidade de saúde, no qual se verificou um sobrepreço para o serviço de limpeza de quase R$ 2 milhões, valor 539% superior ao praticado no hospital de referência.
Lindôra aponta que Lima comandou “uma verdadeira organização criminosa que tinha por propósito a prática de crimes contra a administração pública, especialmente a partir do direcionamento de contratações de insumos para enfrentamento da pandemia, sendo certo que, em pelo menos uma aquisição, o intento se concretizou”.
O advogado de Nilton Lins, dono do hospital e um dos alvos da Operação Sangria, informou à reportagem da Record TV que ainda não tem conhecimento dos termos que determinaram a prisão do seu cliente e, quando possível, comentará o caso.
Em nota, o governo do Amazonas informou que a atuação do governo e do chefe do Executivo estadual, Wilson Lima, tem como objetivo salvar vidas. Acrescentou que os investimentos seguiram os trâmites legais. Ainda segundo o governo, o secretário Marcellus Câmpelo retornou de viagem a Manaus assim que soube da operação para se apresentar à PF e prestar esclarecimentos. Campêlo era aguardado por policiais federais no aeroporto e, de lá, foi levado na tarde desta quarta-feira (2) à superintendência da PF.
Veja a íntegra da nota:
O Governo do Amazonas informa que é de total interesse do Estado que os fatos relacionados às investigações em curso sejam esclarecidos. O governador Wilson Lima reitera que, desde o início da pandemia de Covid-19, sua gestão está voltada a preservar a saúde do povo do Amazonas e a salvar vidas, tendo determinado aos gestores estaduais que empreguem todos os esforços possíveis com esse objetivo, sempre pautando as ações públicas pelos princípios da legalidade e da transparência.
Desta forma, todos os investimentos feitos pelo Estado no enfrentamento da pandemia têm obedecido os trâmites legais de contratação de bens e serviços, sendo acompanhados de perto inclusive pelos órgãos de controle e também com prestação de contas sobre os gastos rigorosamente detalhados no Portal da Transparência.
O governador Wilson Lima reafirma que se mantém à disposição das autoridades competentes para esclarecimentos sobre as ações de seu governo e reitera que está convicto de que não cometeu qualquer ilegalidade e que confia na Justiça.
O Secretário de Estado de Saúde, Marcellus Campêlo, encontrava-se em viagem, de interesse particular, devidamente comunicada ao Governo do Estado, retornou a Manaus logo que tomou conhecimento da operação para se apresentar à Polícia Federal e prestar todos os esclarecimentos necessários.
O secretário sempre esteve à disposição da Justiça, tem convicção de que sua administração tem atuado de forma correta, dentro da legalidade e da transparência.