Punição a Pazuello evitará anarquia nas Forças Armadas, diz Mourão
Vice-presidente voltou a defender que Exército puna o ex-ministro da Saúde e general da ativa por ter participado de ato político
Brasil|Daniel Trevor, da Record TV em Brasília
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, voltou a defender punição ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello por ter participado de ato em apoio ao presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro, no último domingo (23). Integrantes das Forças Armadas são proibidos de participar de atos políticos e, segundo Mourão, que é general da reserva do Exército, qualquer outro entendimento neste caso pode instaurar uma "anarquia" na instituições, que são "apartidárias".
"A regra tem que ser aplicada para evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças, porque assim como tem gente simpática ao governo, tem gente que não é. Então, cada um tem que permanecer na linha que as Forças Armadas tem que adotar. As Forças Armadas são apartidárias. O partido das Forças Armadas é o Brasil", afirmou o vice-presidente.
Pazuello, por ser general da ativa do Exército, não poderia ter ido à manifestação sem autorização de seus superiores e, portanto, teria cometido uma infração disciplinar na instituição. Na ocasião, ele subiu ao palanque e discursou ao lado do presidente. Nem ele nem as outras autoridades presentes no carro de som usavam máscaras.
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Questionado sobre a tese de que Bolsonaro, comandante supremo das Forças Armadas por ser presidente da República, não teria mais poder do que o chefe do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, Mourão afirmou que no Exército "as coisas não funcionam assim".
"Isso aí é um entendimento meio canhestro da coisa. Não funciona assim", disse. "Exército vai seguir os trâmites previstos no regulamento e, se o comandante chegar à conclusão de que precisa aplicar a punição ao Pazuello, ele vai aplicar."
Nesta semana, a corporação abriu processo contra Pazuello. O prazo para que o general apresente defesa já começou a valer. O ex-ministro recebeu a ficha de apuração de transgressão disciplinar e terá que explicar por que participou de ato político em apoio ao presidente Bolsonaro.
Salles
Sobre a ausência do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ontem (26), em reunião do Conselho Nacional da Amazônia, do qual Mourão é coordenador, Mourão disse necessitar da cooperação de todos os órgãos envolvidos para bater a meta de desmatamento na Floresta.
"Não, não sei a situação que o ministro está vivendo de ordem policial, né? Então, não sei", afirmou. "A gente precisa ter a cooperação de todos, né? Se não há, fica complicado. Mas eu nunca deixei de fazer nada que me foi determinado. Então, vamos tocar", complementou, a respeito da importância da principal pasta no conselho.
Em seu discurso ontem, Mourão afirmou lamentar profundamente o fato de o ministro não ter participado do encontro do colegiado, em meio a críticas dentro e fora do país de falta de empenho do Brasil em combater o desmatamento na região amazônica.
"Nós precisamos de cooperação, foi o que conversei com os ministérios aqui presentes. Lamento profundamente a ausência do ministério mais importante e que não compareceu à reunião hoje nem não mandou representante, que é o Ministério do Meio Ambiente, lamento profundamente", disse Mourão. "Não comparecer e nem dar qualquer tipo de desculpa. Considero isso como falta de educação."
Salles é suspeito de envolvimento em esquema de corrupção para exportação ilegal de madeira. Na semana passada, a Polícia Federal fez buscas em endereços ligados ao titular da pasta federal. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.