Randolfe: depoimento de Pazuello teve contradições flagrantes
Vice-presidente da CPI da Covid ainda qualificou fala como "sofrível" e sugeriu que pedirá acareações para esclarecer os fatos
Brasil|Gabriel Croquer, do R7
O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou nesta quarta-feira (19), em entrevista à imprensa, que o depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi "sofrível e teve contradições flagrantes".
Entre as falas de Pazuello, ele destacou a negação do ministro de que teria ignorado ofertas da Pfizer e a defesa do militar sobre sua atuação no colapso do sistema de saúde em Manaus. "O senhor Pazuello, embora tenha negado o que foi dito aqui pelo CEO da Pfizer, não trouxe documento nenhum. Então já tem elemento para o juízo de valor da parte do relator sobre isso"
"A questão do Amazonas, aí sim, me parece que tem uma contradição clara. Uma contradita clara entre o que alega o estado do Amazonas e o que diz Pazuello", completou, defendendo que a CPI ainda pode convocar acareações entre o ex-ministro e as autoridades citadas em seu depoimento.
Durante a sessão, Pazuello também tentou justificar a demora ao afirmar que se reuniu com o gerente-geral da Pfizer e o cobrou por mudanças na cláusula do contrato, mas que as negociações em si ficaram sob responsabilidade por secretarias executivas do ministério.
"Não recebi nunca diretoria de ninguém para tratar de compra de vacinas. Posso ter cumprimentado o representante, chefe, do cara para apertar a mão, tomar um café, 'muito obrigado'. Qualquer negociação foi feita na secretária executiva abaixo", justificou Pazuello.
A agenda dele do dia 3 de março de 2021, porém, mostra que Pazuello teve duas reuniões oficiais com a presidente da Pfizer no Brasil, Marta Díez, e com o presidente da Janssen Brasil, Roy Benchimol.
O relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) também classificou o depoimento como "sofrível". O parlamentar exemplificou a opinião com sua pergunta sobre a da demora do governo para responder às ofertas da Pfizer, feitas em agosto de 2020, o que só teria acontecido em novembro.
"Ele tentou responder a partir de dezembro, o que fez, quais foram os contatos, a pergunta não era exatamente aquela, era porque eles teriam deixado de receber a Pfizer durante aquele período em que a Pfizer mandou uma carta se colocando à disposição para vender aquelas 70 milhões de doses de vacina".
"Ele respondeu com imprecisão e mentiu muito, infelizmente", acrescentou o senador, afirmando que pedirá ao presidente da CPI que as próximas sessões tenham uma agência checadora de fatos para desmentir em tempo real as contradições dos participantes.
O depoimento de Pazuello acabou não sendo finalizado nesta quarta-feira (19), depois dele passar mal e ser atendido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico. A sessão continuará a partir das 9h desta quinta-feira (20).