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Refugiados desconhecem programa que leva de Roraima a outro Estado

Mesmo dispostos a deixar Roraima, venezuelanos não sabem o que é o plano de interiorização, que já tirou 820 migrantes do Estado

Brasil|Diego Junqueira e Márcio Neves, do R7, enviados especiais a Boa Vista (RR)

Oitia esperou 2 meses para se mudar e não conseguiu
Oitia esperou 2 meses para se mudar e não conseguiu

Com a carteira de trabalho em branco nas mãos, os venezuelanos Luis Vallenilla e Jaasiel Herrera lamentam a falta de oportunidades em Boa Vista, capital de Roraima, para onde se mudaram após fugirem da crise econômica de seu país.

Mesmo dispostos a deixar o Estado e tentar uma chance em outra parte do Brasil, os dois não conhecem o plano de interiorização do governo federal, que busca desafogar a crise provocada pelo fluxo de refugiados na pequena e pobre Roraima.

“Eu já ouvir falar ‘de leve’”, diz Herrera, sem conseguir explicar do que se trata o programa.

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Desde fevereiro, quando anunciou o programa, o governo federal transferiu 820 venezuelanos de Roraima para São Paulo, Manaus, Cuiabá, Rio de Janeiro e Brasília. O Estado fronteiriço com a Venezuela, no entanto, calcula em 50 mil o número de refugiados em seus 13 municípios.


A falta de emprego e de condições dignas para viver são o principal problema enfrentado pelos migrantes no Estado. A operação Acolhida, do Exército, possui 4.400 vagas em abrigos na capital Boa Vista. Os demais refugiados dividem todo tipo de residência na cidade, com familiares ou desconhecidos, enquanto uma outra parte vive nas ruas.

Conversando com um grupo de venezuelanos que oferece serviços em frente à praça Simón Bolívar, apenas um deles conhecia a interiorização.


Jesus Oitia, de 31 anos, ajudante de pedreiro, passou dois meses no abrigo Santa Teresa com a promessa e a expectativa de ser levado para outro Estado.

— A gente perguntava pro pessoal da ONU (Organização das Nações Unidas) quando seria a viagem, mas eles diziam que esperavam uma resposta do governo.


Oitia se cansou de esperar e deixou o abrigo. Ajudante de pedreiro e também com a carteira de trabalho em mãos, ele continua tentando sobreviver dos bicos que mal aparecem. Há três meses ele vive com o irmão e um primo em um quarto numa pensão. Paga R$ 10 por dia pela habitação, bancada com seu trabalho ou “pedindo”, quando o dinheiro não vem.

— Estou no Brasil há 6 meses e 23 dias, mas só consegui trabalho por 15 dias. Se conseguir trabalho estável, eu fico. Se não, vou tentar uma passagem pra São Paulo.

O que o governo diz?

Em visita a Roraima nesta quinta-feira (23), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que a interiorização está dependendo de “negociação” e “cooperação” dos demais Estados.

— A interiorização implica em compartilhamento entre governo federal e governos estaduais. O governo federal não tem como impor a um determinado Estado que ele assuma um determinado número de imigrantes. Isso é uma negociação.

No início da semana, uma comitiva de Brasília formada por 11 ministérios visitou a região e prometeu que mais mil refugiados serão “interiorizados” até o final de agosto.

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