Senadora dá 'puxão de orelha' em colegas sobre governadores na CPI
Soraya Thronicke, de partido aliado ao governo, cobrou ação individual dos senadores para investigar estados e municípios
Brasil|Do R7
A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) protagonizou nesta quarta-feira (18) uma discussão com parlamentares governistas na CPI da Covid e deu um puxão de orelha nos colegas que cobram a investigação maior de governadores na comissão.
A fala veio depois de discurso do senador governista Marcos Rogério (DEM-RO), que voltou a exigir investigações contra supostos desvios na compra de insumos pelo Consórcio Nordeste, formado por governadores da região.
"O Brasil não se resume ao Consórcio Nordeste, o Brasil não se resume ao Nordeste; além dos 9 estados, nós temos mais 18 unidades na federação. O senhor sabe quantos documentos chegaram do seu estado de Rondônia?", disse a senadora.
"A gente cobrar o tempo inteiro cansa a população, que entende que nós não estamos fazendo nada. E nós estamos sim. Eu também oficiei o Tribunal de Contas do meu estado. Nós sabemos que os deputados estaduais têm dificuldade em instaurar CPIs. Mas isso não quer dizer que nós não iremos cobrar dia e noite: cadê as CPIs estaduais?"
A investigação de governadores é um tema que fez parte da CPI desde sua instalação, em abril. Naquele mês, aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se articularam para adicionar ao objeto de investigação da comissão a atuação de governadores e prefeitos no enfrentamento à pandemia, além do foco principal: as possíveis omissões do governo Bolsonaro.
O metódo não rendeu. Como previsto na Constituição, a responsabilidade de investigação dos governadores é compete às respectivas Assembleias Estaduais, e não ao Senado. Os governistas até conseguiram a convocação de dez governadores, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) impediu a manobra, considerando jurisprudência anterior da Corte.
Além de algumas CPIs em alguns estados, governadores e prefeitos foram atingidos principalmente por ações da Polícia Federal. Desde o início da pandemia, já foram mais de 100 operações, entre elas algumas que atingiram diretamente a cúpula das gestões de estados como Rio de Janeiro, Pará e Amazonas.