Suspeitos usavam letra grega para anotar desvios da Petrobras, diz PF
Operação Sem Limites foi deflagrada nesta quarta e investiga pagamento de US$ 31 milhões em vantagens indevidas na estatal
Brasil|Giuliana Saringer, do R7
O delegado Filipe Pace, da Polícia Federal, disse em coletiva nesta quarta-feira (5), que os valores pagos em propina eram determinados com o símbolo matemático "delta" em planilhas. As autoridades detalharam a investigação da operação Sem Limites, deflagrada nesta quarta.
A ação investiga o pagamento de pelo menos US$ 31 milhões (o equivalente a quase R$ 120 milhões) em propinas para funcionários da Petrobras, entre 2009 e 2014.
Pace explica que o "delta" era usado para especificar o valor de propina que seria pago por cada barril negociado. "Chegou-se a casos de mais de um dólar por barril negociado era a comissão", diz.
O procurador Athayde Ribeiro Costa explica que os investigados compravam combustíveis mais caro do que a prática no mercado e depois vendiam o material com valor de mercado menor. Segundo ele, "essa diferença era utilizado para obter vantagens indevidas".
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Para o procurador, "a operação de hoje é o principal ataque da Lava Jato na área comercial e na área fim da Petrobras".
"O que as mensagens trouxeram para a gente foram tabelas que continham o valor, a quantidade de barris negociados e a forma como eram negociados", afirma. O delegado diz que existiam cerca de 80 tabelas e que a força-tarefa teve acesso à maioria delas, que eram enviadas por e-mail entre os investigados.
Pace afirma que há muitas provas para operação pela natureza do esquema. Como os valores de propina precisavam ser negociados rapidamente, alguns envolvidos chegaram a falar sobre o esquema por mensagens de texto.
O esquema era coordenado na Gerência Executiva de Marketing e Comercialização da empresa que, segundo o procurador, "essa gerência executiva é responsável por quase todo o faturamento da empresa".
Foram expedidos 11 mandados de prisão preventiva e, até o momento, a PF cumpriu seis. Outros três investigados estão fora do país e a Interpol foi acionada para ajudar nas prisão. Um dos investigados alvo de prisão temporária está internado há três dias e, por isso, não foi preso.