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Temer vai cobrar vice dos EUA sobre situação de imigrantes brasileiros

Mike Pence chega ao Brasil nesta terça para visita de dois dias ao país. Refugiados venezuelanos também estão na pauta de discussão

Brasil|, com Agência Brasil

Essa é a 1ª visita a Temer por autoridade de alto nível dos EUA
Essa é a 1ª visita a Temer por autoridade de alto nível dos EUA

O presidente Michel Temer fará cobranças ao vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, sobre a separação de crianças brasileiras de suas famílias em razão da política norte-americana de imigração, disse à imprensa o subsecretário-geral brasileiro de Assuntos Políticos Multilaterais, Europa e América do Norte, embaixador Fernando Simas Magalhães.

"O presidente vai manifestar a preocupação em relação ao tratamento dado às famílias até em virtude do compromisso de ambos os países com os direitos humanos", disse o embaixador a jornalistas nesta segunda-feira (25).

O assunto, embora não esteja oficialmente na pauta de reuniões, deve ser tratado no encontro entre Mike Pence, Temer e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. O primeiro encontro entre os dois está marcado para o meio-dia no Palácio do Planalto.

Pence chega ao Brasil nesta terça-feira para uma visita de dois dias ao país. Na terça, ele terá uma agenda com Temer e, no dia seguinte, visitará um centro de refugiados venezuelanos em Manaus. Se houver condições climáticas, Pence ainda fará um sobrevoo pela região Amazônica antes de seguir para o Equador.


A política de "tolerância zero" do governo Trump determina a prisão de todos os adultos flagrados entrando no país ilegalmente, inclusive postulantes a asilo. Enquanto os pais eram enviados para prisões, seus filhos iam para a centros de detenção diferentes, alguns em locais remotos.

Nesta segunda, o cônsul-geral adjunto do Brasil em Houston, Felipe Santarosa, informou à EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que 51 crianças brasileiras estavam em abrigos, separadas dos pais, assim como milhares de crianças e adolescentes de outras nacionalidades que tentaram ingressar no país sem os documentos oficiais.


Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, recuou e assinou um decreto para encerrar a separação de crianças de seus pais. Esse decreto determina que famílias imigrantes sejam detidas juntas quando entrarem ilegalmente no país.

O diplomata brasileiro disse que o debate sobre imigração nos EUA tem "relevância" diante da preocupação do governo Temer com a dignidade das pessoas.


"É um tema que consta da reunião e receberá uma atenção concreta e especial do presidente Michel Temer", disse.

Essa posição foi reforçada mais tarde pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que disse ter a "mais absoluta convicção" de que a questão vai fazer parte das conversas de Temer com Pence.

Para Marun, o país tem "alguns contenciosos" para discutir com os Estados Unidos e que a visita de Pence vai ser uma "excelente oportunidade" para tratar dos assuntos. Mas o ministro não deu detalhes sobre o que será tratado na visita.

Na entrevista no Itamaraty, Magalhães destacou que a visita do vice-presidente é importante para o país e destacou o fato de ser a primeira "deste nível" desde a vinda do então vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à cerimônia de posse da então presidente reeleita, Dilma Rousseff.

"Este é o contato bilateral de mais alto nível", afirmou o embaixador, que citou o fato de Temer ter participado de um jantar com a presença do atual presidente dos EUA, Donald Trump, ano passado.

Refugiados e base espacial

Temer e Pence também vão tratar da situação dos refugiados venezuelanos abrigados em território brasileiro. Segundo estimativas da Acnur (Agência das Nações Unidas para os Refugiados), desde 2005 mais de 2 milhões de venezuelanos deixaram seu país e, até o momento, cerca de 50 mil ingressaram no Brasil.

Os Estados Unidos estão entre as nações que têm garantido ajuda, inclusive financeira, para o atendimento a essa população. Na quarta (27), Pence viaja para Manaus, no início da manhã, para visitar um dos abrigos construídos para receber venezuelanos. A visita à Casa de Acolhimento Santa Catarina está marcada para as 11h.

Como o Brasil, os Estados Unidos, ao lado de várias nações, fazem críticas severas ao governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Norte-americanos e brasileiros expressaram a insatisfação com o processo eleitoral que garantiu a reeleição de Maduro, levantando dúvidas sobre a isenção e o respeito à democracia. Nos últimos anos, o acirramento da crise econômica e política agravou o processo migratório de famílias inteiras, em busca de melhoras condições em países vizinhos. Brasil, Colômbia, Equador e Argentina são bastante procurados pelos venezuelanos. 

Ainda hoje, depois do Planalto, o vice-presidente americano participa de um almoço preparado para 24 autoridades no Itamaraty. Neste encontro, a expectativa é de que as conversas sobre temas de interesse bilateral continuem.

Além das questões migratórias, Brasil e Estados Unidos vão anunciar o acordo-quadro que inclui o avanço em negociações relacionadas à previdência social de comunidades brasileiras nos Estados Unidos, além da retomada de negociações para que empresas norte-americanas utilizem a base espacial de Alcântara, no Maranhão, para o lançamento de satélites.

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