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Vítima de Abdelmassih faz dossiê contra João de Deus: "Um monstro"

Vana Lopes, criadora do grupo Vítimas Unidas, está criando documentos com depoimentos das mulheres que denunciam o médium 

Brasil|Juliana Moraes, do R7

Vana Lopes está criando um dossiê contra João de Deus
Vana Lopes está criando um dossiê contra João de Deus Vana Lopes está criando um dossiê contra João de Deus

João de Deus se entregou às autoridades na tarde deste domingo (16) após centenas de mulheres fazerem denúncias de abuso sexual. Vana Lopes, vítima do médico Roger Abdelmassih e líder do grupo Vítimas Unidas, diz acreditar que o médium vai tentar usar de todos os recursos para escapar da prisão. Abdelmassih, ex-médico de reprodução assistida, foi condenado a 181 anos de prisão por estupro de pacientes.

“Estou fazendo um dossiê do passado e do presente dessa criatura. Temos que conhecer muito bem o algoz, porque ele vai usar de todas as artimanhas para se livrar dos crimes”, afirma ela ao R7.

Segundo Vana, as primeiras vítimas de João de Deus começaram a procurar o grupo Vítimas Unidas para pedir orientação sobre como prosseguir com as denúncias. “Várias vítimas nos procuram, mas não somente as dele. Ele é um monstro. Essas, especificamente, procuraram a Dr. Maria do Carmo há uns três meses.

Somos conhecidas por ajudar vítimas faz muito tempo, desde 1993 quando eu denunciei Abdelmassih”, explica. “Desde 2008, quando comecei a fazer o grupo para denunciar os crimes dele, comecei a ser procurada”, completa.

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Ainda de acordo com a ativista, as vítimas se identificam com ela. “Atendemos casos graves como o do goleiro Bruno e também defendemos outros casos importantes. Isso tem aparecido.”

As vítimas que procuram pelo grupo são atendidas pela Dra. Maria do Carmo Santos, doutora em psicologia especializada em trauma, mestre em história e doutora em educação. “A orientação psicológica é feita toda pela Dra. Maria do Carmo porque ela é bem classificada para esse trabalho.

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É ela quem faz o tratamento e vê a corrente, o que é necessário, os primeiros socorros”, diz. “Meu papel é apenas de acolhimento. Como fui vítima de um monstro, tem uma empatia muito grande. Costumo dizer que falo ‘vitimez’ em vez de português, que é de vítima para vítima. Ela se sente segura do meu lado, me relatando o que, às vezes, não conta nem para os familiares.”

Médium se entregou às autoridades neste domingo (16)
Médium se entregou às autoridades neste domingo (16) Médium se entregou às autoridades neste domingo (16)

Vana diz ainda que, em casos de grande repercussão como o de João de Deus e de Abdelmassih, fica difícil precisar a quantidade de vítimas. “Tem as que foram ao Ministério Público, as que não foram e mesmo assim são vítimas, porque, às vezes, algumas não denunciam, mas sofrem o trauma e viveram o abuso”, explica.

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A líder do Vítimas Unidas diz também que muitas chegaram com medo de fazer as denúncias. “Elas temem por suas vidas. Muitas disseram que correm risco de morte, não só de serem coagidas. Além disso, elas sofrem uma morte da alma, a tristeza profunda, uma vontade de morrer”, afirma ela, que alerta para a importância de procurar um tratamento psicológico após sofrer abuso.

Para Vana, seu trabalho faz com que vítimas de abusos consigam seguir em frente. “Tenho tentado dar esperança a essas pessoas, porque a Justiça age, mas é lenta. Dizem que Justiça tardia, não é Justiça e isso é verdade. E o Vítimas Unidas dá esperança e fôlego para que essas pessoas possam continuar esperando a Justiça agir”, diz.

Além de dar esperança, a ativista diz que denúncias grandes como as que têm surgido são importantes para mostrar que as vítimas não estão sozinhas. “O caso do João do ‘Mal’ vai, sim, estimular outras a pessoas a fazerem denúncias, assim como o do Abdelmassih estimulou. Nosso grupo é identitário, não classifica as pessoas. Não temos partido político, atendemos vítimas de qualquer religião, credo ou raça. A união é a dor.”

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Entenda o caso

João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, está sendo acusado por diversas mulheres de abuso sexual durante os atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás.

Após as primeiras denúncias contra o médium, o MP-Go (Ministério Público de Goiás) abriu uma força-tarefa, que conta com quatro promotores, seis delegados e duas psicólogas para atenderem o caso.

Na noite de quarta (12), a Promotoria de Justiça de Goiás solicitou a prisão preventiva do médium, cinco dias depois de as primeiras denúncias de abusos sexuais começarem a aparecer.

Em sua primeira aparição pública após as denúncias, na manhã de quarta-feira (12), João de Deus ficou cerca de 10 minutos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás. O médium e se disse inocente e declarou ainda que estava à disposição da Justiça.

Até a noite desta quinta-feira (13), a força-tarefa do MP-GO atendeu 330 mulheres.

Mais de 300 mulheres já denunciaram o médium
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Outro lado

O advogado criminalista Alberto Toron, que representa João de Deus, se posicionou sobre as acusações de abuso sexual contra o médium em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo. Ele afirmou que o médium “nega e recebe com indignação a existência dessas declarações”.

“O que eu quero esclarecer, que me parece importante que se esclareça ao grande público, é que ele tem um trabalho de mais de 40 anos naquela comunidade, atendendo a todos os brasileiros, atendendo gente de fora do país, sem nunca receber esse tipo de acusação”, disse o advogado.

Ainda segundo Toron, João de Deus vai se apresentar à Justiça nos próximos dias para colaborar no que for necessário.

O R7 tenta desde a segunda-feira (10) da semana passada ouvir o advogado, mas ainda não obteve resposta. Um novo contato foi realizado nesta quarta-feira (12), após o pedido de prisão. Uma entrevista com o médium também foi solicitada, também sem posicionamento do acusado.

Vana Lopes pede para que vítimas de abusos sexuais procurem pelo grupo Vítimas Unidas
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