Brasília Ação terrorista do Hamas não justifica Israel matar inocentes, diz Lula

Ação terrorista do Hamas não justifica Israel matar inocentes, diz Lula

Presidente criticou 'falta de sensibilidade' e acredita que ONU 'está enfraquecida'; petista também comentou ataque a escola de SP

  • Brasília | Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Prédio destruído em Gaza após ataque de Israel

Prédio destruído em Gaza após ataque de Israel

SAID KHATIB/AFP 22.10.2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva  voltou a comentar, nesta terça-feira (24), o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Lula criticou os dois lados do confronto. "Não é porque Hamas cometeu um ato terrorista contra Israel que Israel tem que matar milhões de inocentes. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade", declarou, durante o programa Conversa com o Presidente. As mortes em decorrência da guerra no Oriente Médio ultrapassaram 7.000 nesta terça.

Lula também criticou a atuação "enfraquecida" da Organização das Nações Unidas (ONU). "Se a ONU tivesse força, a ONU poderia ter interferência maior, os Estados Unidos poderiam ter interferência maior, mas as pessoas querem guerra e estimular o ódio. Eu não vejo assim. Podem me criticar quanto quiserem, vou continuar falando em paz e diálogo e continuar chorando pela morte das crianças", completou.

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em Nova York, onde participou, na manhã desta terça, de um debate no Conselho de Segurança da ONU sobre a situação no Oriente Médio. "Não devemos perder de vista as causas desse conflito — opressão, desigualdades sociais e econômicas e recorrentes violações de direitos humanos. 2023 marca os 75 anos do começo do conflito entre Israel e Palestina. É desanimador ver a falta de progresso nos processos de paz", lamentou o chanceler.

Ao citar os meninos e as meninas vitimados no Oriente Médio, o presidente comentou o ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo. "O outro pegou uma arma do pai para matar. Onde nós estamos? Que mundo queremos criar?", questionou.

"Essa minha indignação contra a pobreza e a desigualdade está virando uma indignação contra a burrice do ser humano, a ignorância. As pessoas não estão mais sendo humanas, estão sendo irracionais", refletiu.

Resolução

Durante a entrevista desta terça, Lula disse que a questão entre Israel e a Palestina é "simples" de ser resolvida. "É preciso que a gente consiga que, lá no Oriente Médio, Israel fique com um território seu, demarcado pela ONU, e os palestinos tenham o direito de ter sua terra. É simples assim. Não precisa ninguém ficar invadindo a terra de ninguém, e a ONU não faz nada porque está enfraquecida", afirmou.

Lula também ressaltou as ligações que tem feito com líderes de outros países desde que o conflito no Oriente Médio teve início. O petista deve conversar com os presidentes da China, da África do Sul e do Catar em breve.

"Esse é meu papel, tentar criar condições para que a gente possa voltar a sentar numa mesa de negociação. Estou, na verdade, cansado de fazer telefonemas, mas vou continuar fazendo porque acredito nisso. Fizemos aquilo que era possível fazer", declarou.

Diálogo

Segundo o presidente, as conversas com outros líderes têm focado a garantia de três pontos: corredor humanitário para a entrada de suprimentos básicos; fornecimento de energia elétrica a hospitais; e impedimento da morte de crianças. Lula também tem debatido a saída dos brasileiros da Faixa de Gaza.

"Não tem exemplo na humanidade de guerra em que quem morre mais é criança, que não está na guerra. E criança dos dois lados. Não queremos que morra ninguém. Quero liberar os brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Temos crianças e mulheres, que estão sofrendo o tormento dos tiros, das bombas e dos foguetes", lamentou.

Lula sugere que o conflito seja resolvido por meio do diálogo. "Se você não falar em paz todo dia, as pessoas esquecem que é possivel construir a paz. Quando vejo autoridades falarem em guerra, não é assim que se resolvem problemas. Numa mesa de negociação, não morre ninguém. Custa mais barato, e a gente pode encontrar solução", completou.

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