Adriano Pires oficializa recusa de assumir presidência da Petrobras
Ele informou ao governo no fim da manhã que não poderia assumir o cargo por causa de conflito de interesses
Brasília|Renato Souza, do R7, em Brasília
O economista Adriano Pires oficializou a recusa ao convite do governo para assumir a presidência da Petrobras. Ele enviou uma carta ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, declinando do convite feito pelo presidente Jair Bolsonaro.
Como adiantou o R7, Adriano Pires informou ao governo no fim da manhã que não poderia assumir o cargo por causa de conflito de interesses. Ao longo da tarde, Bolsonaro se reuniu com Bento Albuquerque no Rio de Janeiro e tentou persuadir Adriano a desistir da ideia de recusar o cargo.
Pires é visto como um nome técnico, com larga experiência no setor de energia. No entanto, já manifestou concordância com a atual política de preços da Petrobras, criticada por atrelar o preço dos combustíveis comercializados no Brasil ao dólar.
Em um trecho da carta (confira a íntegra no fim da matéria), Pires afirma que não conseguiu se desligar com celeridade do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), requisito para que ele assumisse o comando da estatal de petróleo. "Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo", escreveu.
A indicação de Pires tinha sido bem recebida pelo mercado.
A desistência dele ocorre em sequência à recusa apresentada por Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, que foi indicado para presidir o Conselho de Administração da Petrobras e também decidiu não aceitar a proposta.
A partir da oficialização, o governo corre contra o tempo para nomear outros indicados, que precisam passar pelo crivo do Conselho de Administração da estatal, que se reúne no dia 13 deste mês. A demora e as desistências geram turbulências no mercado financeiro. A B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou o dia em queda de 0,21%, cotada a 121.180 pontos.
Confira a íntegra da carta:
Exmo Sr
Bento Albuquerque
Ministro de Estado de Minas e Energia
Foi com muito orgulho, Senhor Ministro, que recebi seu convite para assumir a Presidência da Petrobras. Com mais de 30 anos de vida dedicados ao setor de Óleo e Gás, comecei a trabalhar as condições para cumprir a missão que me foi dada. Vi nessa missão a certeza de poder ajudar a Companhia e o País a enfrentar a atual conjuntura de turbulência e incerteza no cenário mundial.
Senti-me confiante porque constatei o alinhamento de visões em relação ao papel da Companhia neste momento.
Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da Presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo.
É por isso, Senhor Ministro, que sou obrigado a declinar de tão honroso convite. Agradeço imensamente a V.Exa e ao Senhor Presidente, Jair Messias Bolsonaro, pela confiança depositada em mim, para tão importante missão, e pela deferência e respeito com que fui tratado por V.Excias e por esse Governo.
Ao longo de minha carreira, sempre lutei pelo desenvolvimento do mercado brasileiro de Óleo e Gás. Venho defendendo publicamente a importância de regras de mercado e do aumento da competição, em prol do consumidor e da sociedade, do crescimento do País e do incentivo aos investimentos.
Para concluir, reafirmo aqui o compromisso de continuar nessa luta, que é em favor do Brasil, e votos de continuado sucesso na gestão do nosso Presidente Bolsonaro em favor do povo brasileiro.
Com elevado apreço,
Adriano Pires