Adultização nas redes: especialistas alertam riscos de expor crianças na internet
Exposição precoce pode comprometer o desenvolvimento emocional e psicológico dos menores; confira dicas práticas para pais
Brasília|Luiza Marinho*, do R7, em Brasília
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

O debate sobre a adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais ganhou força após o vídeo do influenciador Felca viralizar, reacendendo discussões sobre liberdade de expressão, algoritmos, entretenimento e proteção de menores.
Na gravação, Felca denuncia o influenciador Hytalo Santos, preso na sexta-feira (15) por suposta exploração sexual e adultização de menores. O vídeo também expõe como conteúdos infantis podem ser direcionados pelo algoritmo para públicos inadequados.
Especialistas ouvidos pelo R7 afirmam que a adultização ocorre tanto no ambiente digital quanto fora dele, trazendo impactos graves ao desenvolvimento emocional e psicológico de crianças e adolescentes.
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“Pode trazer consequências como confusão na construção da identidade, aumento da vulnerabilidade a abusos emocionais e sexuais, baixa autoestima e dificuldade para estabelecer limites saudáveis nos relacionamentos”, alerta Kenia Ramos, psicóloga do grupo Mantevida.
Diretrizes ineficazes
Para o advogado Francisco Gomes Júnior, especialista em crimes e golpes digitais, as regras atuais das plataformas ainda não asseguram proteção mínima aos direitos de crianças e adolescentes.
“As diretrizes atuais das plataformas digitais também não garantem a mínima proteção aos direitos das crianças e adolescentes, expondo-as diariamente ao perigo de serem vítimas de uma série de crimes de maior ou menor gravidade”, analisa.
Ele explica que o termo “adultização” engloba delitos como exploração sexual de menores, tráfico de pessoas, trabalho infantil irregular e constrangimento de menores. Também destaca o desafio de fazer o Congresso Nacional estabelecer parâmetros claros para regulamentação.
“São delitos graves previstos no ordenamento penal que responsabilizam o autor. Decisão recente do STF também responsabiliza as plataformas quando esses conteúdos criminosos não são retirados. Infelizmente, esse tema surge diante de crises e depois é esquecido. Espera-se que, com a repercussão do caso, algo de concreto seja feito”, lamenta.
Sinais de alerta para pais e responsáveis
Segundo a educadora Priscilla Montes, especialista em infância e adolescência, a exposição precoce compromete a saúde mental e emocional de crianças.
“Quanto mais a criança se comporta como adulta, mais ela ‘rende’ em termos de engajamento e monetização, e isso não é empreendedorismo, é exploração. A infância não pode ser moeda de troca nem espetáculo.”
Ela ressalta a diferença entre exposição considerada “inofensiva” e situações com potencial de prejudicar o desenvolvimento infantil. Como fotos e vídeos do dia a dia, por exemplo. Mas a linha de risco começa quando a exposição compromete dignidade, segurança ou privacidade.
“Publicar conteúdos que possam gerar constrangimento no futuro ou imagens com conotação sexualizada, como chorando, em crises de birra, doentes, sem camisa, no banho, ou em poses que, embora pareçam inofensivas para a família, tornam-se públicas e suscetíveis a interpretações, fragiliza a segurança e coloca a criança em vulnerabilidade”, avalia.
A especialista orienta atenção a sinais como isolamento, irritabilidade, comparação constante com outros nas redes, ansiedade e insatisfação com a própria aparência.“Também é importante perceber se a criança está deixando de participar de atividades offline ou se sua vida gira em torno da validação online. A presença ativa e o diálogo constante ajudam a perceber esses sinais cedo”, completa.
Dicas práticas para reduzir riscos
Especialistas recomendam:
- Não divulgar uniforme escolar ou dados de localização.
- Evitar fotos ou vídeos em momentos íntimos (banho, troca de roupa, situações constrangedoras).
- Revisar conteúdos antes de postar e refletir sobre possíveis interpretações públicas.
- Estabelecer limites de tempo de tela e regras de uso das redes.
- Manter comunicação aberta e contínua para que a criança se sinta segura ao relatar desconfortos.
“Os pais precisam ser cuidadores atentos e não menosprezar pequenos indícios visíveis no dia a dia. Um ambiente familiar seguro e de diálogo é essencial para a criança viver sua infância com proteção”, reforça Kenia Ramos.
Qual é o tema abordado no texto?
O texto discute a adultização de crianças e adolescentes na internet, destacando os riscos associados à exposição precoce nas redes sociais e seus impactos no desenvolvimento emocional e psicológico dos menores.
O que motivou o debate sobre a adultização nas redes sociais?
O debate foi motivado por um vídeo do influenciador Felca, que viralizou e levantou questões sobre os limites entre liberdade de expressão, algoritmos e a proteção de menores. O vídeo também denunciou o influenciador Hytalo Santos, que foi preso por suposta exploração sexual e adultização de menores.
Quais são os impactos da adultização segundo os especialistas?
Especialistas afirmam que a adultização pode causar sérios impactos, como confusão na construção da identidade, aumento da vulnerabilidade a abusos emocionais e sexuais, baixa autoestima e dificuldade em estabelecer limites saudáveis nos relacionamentos.
O que dizem os especialistas sobre as regras das redes sociais?
Os especialistas, como o advogado Francisco Gomes Júnior, apontam que as diretrizes atuais das redes sociais são insuficientes para proteger os direitos de crianças e adolescentes, expondo-os a diversos crimes.
Quais crimes estão relacionados ao termo "adultização"?
O termo "adultização" abrange crimes como exploração sexual de menores, tráfico de pessoas, trabalho infantil irregular e constrangimento de menores. Há um desafio em estabelecer regulamentações claras para esses crimes.
O que a educadora Priscilla Montes destaca sobre a exposição precoce?
Priscilla Montes alerta que a exposição precoce pode comprometer a saúde mental e emocional das crianças, afirmando que a infância não deve ser usada como moeda de troca ou espetáculo.
Como os pais podem identificar sinais de risco na exposição de seus filhos?
Os pais devem observar mudanças de comportamento, como isolamento, irritabilidade e comparação constante com outros nas redes. É importante perceber se a criança está deixando de participar de atividades offline e se sua vida gira em torno da validação online.
Quais medidas os especialistas recomendam para proteger as crianças?
Os especialistas recomendam que os pais sejam cuidadores atentos e não menosprezem pequenos indícios de problemas. Um ambiente familiar seguro e de diálogo é essencial para que a criança viva sua infância com proteção.
*Sob supervisão de Leonardo Meireles
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