Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Brasília

Alta dos juros não afetará Galípolo; senadores pressionam por postura conservadora

Oposição não deve criar obstáculos para a aprovação de Gabriel Galípolo, mas vai pressionar por posicionamento independente

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Sabatina de Gabriel Galípolo na CAE deve ocorrer após o primeiro turno das eleições Pedro França/Agência Senado

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência do Banco Central, Gabriel Galípolo enfrentará questionamentos de senadores que prometem pressionar por uma postura pró-mercado, conservadora e independente em relação ao governo. Embora a alta da taxa de juros, em 18 de setembro, tenha sido uma das principais críticas dos governistas ao atual presidente do órgão, Roberto Campos Neto, esse tema não deve gerar tensão. Interlocutores do Planalto e senadores da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) já haviam precificado o impacto do ajuste da Selic na sabatina.

Leia também

A oposição tem sinalizado que não criará obstáculos para a aprovação do nome indicado. As perguntas dos senadores devem se concentrar na independência do Banco Central e no controle da inflação. Além disso, alguns parlamentares questionarão como Galípolo, ao assumir a presidência da autoridade monetária, planeja lidar com os novos desafios trazidos pelo aumento da inadimplência no país, incluindo o crescimento das apostas esportivas online, conhecidas como “bets”.

Galípolo já deixou claro em outros momentos que terá uma postura conservadora à frente do Banco Central. Ele já afirmou que a autoridade monetária não pode correr riscos desnecessários e que considera importante “zelar pela moeda” e buscar um equilíbrio entre demanda e oferta na economia.

Após a sabatina, o nome do indicado por Lula será submetido ao plenário do Senado. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou que esse processo ocorrerá após o primeiro turno das eleições, o que deve acontecer em 8 de outubro.


Desde que foi oficialmente nomeado como substituto de Campos Neto, Galípolo tem feito reuniões e visitado os gabinetes de senadores. No entanto, após semanas de esforços em busca de apoio, ele tem encontrado dificuldades para fazer essas visitas nos últimos dias, já que o Congresso está em ritmo pré-eleitoral e esvaziado, com a maioria dos parlamentares retornando às suas bases eleitorais para apoiar aliados políticos.

Pauta trancada prejudica votação de Galípolo no plenário

Embora o nome de Galípolo tenha a aprovação prévia da maioria dos senadores, o governo ainda precisa retirar a urgência constitucional que pesa sobre o Projeto de Lei Complementar que regulamenta a reforma tributária. Esse projeto começou a trancar a pauta do Senado na segunda-feira (23) e tramita sob urgência desde julho, a pedido do governo federal. Essa situação impede, por exemplo, a votação da indicação de Galípolo à presidência do Banco Central pelo plenário.


De acordo com o regimento do Senado, enquanto a pauta estiver trancada, apenas votações de medidas provisórias com prazos vencidos ou projetos em regime de urgência podem ser realizadas, e a indicação de Galípolo não se encaixa em nenhuma dessas exceções.

A expectativa é que urgência seja retirada antes das eleições municipais. Uma das condições para essa ação era que o Senado estabelecesse um cronograma com uma nova previsão de votação para a regulamentação da reforma tributária, o que já foi feito.


Quem é Gabriel Galípolo

Economista pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), Galípolo atinge o auge da carreira aos 42 anos. Se passar pelo crivo dos senadores, ele será o mais jovem a ocupar a presidência do Banco Central desde Armínio Fraga, em 1999. Na época, Fraga também tinha 42 anos.

Galípolo tem mestrado em economia e foi presidente do Banco Fator entre 2017 e 2021. Ele se aproximou da cúpula do PT no fim de 2021, antes da pré-campanha presidencial.

Com a vitória de Lula, teve um papel importante na transição entre os governos, atuando como braço direito de Fernando Haddad, que se tornou ministro da Fazenda. Em janeiro de 2023, Galípolo assumiu a Secretaria-Executiva da Fazenda, sendo o número dois da pasta, até ser indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central em maio do mesmo ano.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.