'Apenas começando', diz Queiroga sobre dança das cadeiras na Saúde
Três secretarias sofreram alterações nas lideranças; em duas, a gestão foi assumida por servidoras antigas do Ministério da Saúde
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
Ainda que o Ministério da Saúde tenha promovido uma dança das cadeiras nas gestões dos cargos de segundo escalão, o chefe da pasta, Marcelo Queiroga, não considera que o movimento ocorra em um fim de gestão. "Temos muito trabalho pela frente. Temos que vencer a pandemia da Covid-19, implementar políticas públicas que vão salvar milhares de vidas. Para mim, estamos apenas começando", disse o ministro, nesta quarta-feira (16), durante cerimônia de apresentação dos novos titulares das secretarias.
O governo oficializou alterações em três áreas. Quem assume a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) é Hélio Angotti. A mudança veio após a médica Mayra Pinheiro deixar a pasta para assumir cargo no Ministério do Trabalho e Previdência e se dedicar à campanha eleitoral para deputada federal.
Angotti liderava, até então, a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos (SCTIE) e encerrou os trabalhos rejeitando o recurso para reavaliar a inclusão das diretrizes ambulatoriais e hospitalares para tratar pacientes com Covid.
E a nova secretária da SCTIE, Sandra de Castro Barros, também não pretende reavaliar a questão. "Essa discussão já está encerrada. No momento, acredito que essa não seja a pauta principal que eu tenho para dirigir na secretaria, aquilo que a gente está almejando", declarou Sandra. Ela é servidora de carreira e farmacêutica de formação.
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Queiroga se irritou com as perguntas de jornalistas direcionadas ao tema. "Diante de agendas tão complexas que nós temos aqui, o compromisso de implementar o direito à saúde, vocês me perguntam de um ofício. Aqui tem milhares e milhares de ofícios, todos os dias, e nós respondemos a esses ofícios por meio de políticas públicas", disse.
Por outro lado, o ministro ponderou que, apesar de o secretário não ter acatado o recurso, cabe a ele, Queiroga, julgá-lo. A decisão promete se arrastar, já que, pelas regras, o líder da pasta tem 30 dias para dar uma resposta, período que pode ser prorrogável por mais 30 dias. "Eu vou julgar dentro do que diz a legislação do SUS, dentro do que diz a evidência científica, e farei isso com muita tranquilidade," afirmou.
Durante a cerimônia, Queiroga também ressaltou ter privilegiado a escolha de duas servidoras da pasta para assumir as secretarias. "O critério aqui é técnico para a escolha dos secretários. O primeiro requisito é a probidade administrativa, compromisso com aplicação correta de recursos públicos. Isso todos nós temos consciência", declarou.
Além de Sandra, a nova secretária de Atenção Especializada à Saúde, Maíra Batista Botelho, também atua na pasta. Ela comandava o Departamento de Atenção Especializada e Temática. "Não cai de paraquedas aqui. Eu tenho uma trajetória de mais de 21 anos na carreira pública, já fui linha de frente com milhares de profissionais da enfermagem que atuaram nessa pandemia", discursou Maíra.
Quarta dose e ataques à Anvisa
O ministro da Saúde ainda aproveitou a ocasião para ressaltar que o foco do governo no combate à pandemia está na aplicação da dose de reforço à população. "Alguns apressadinhos por aí querendo aplicar uma quarta, nós queremos avançar na terceira dose. Assim nós vamos mudar a história dessa pandemia", disse.
A quarta dose já começou a ser aplicada no estado do Mato Grosso do Sul e São Paulo anunciou a incorporação da medida a partir de abril, para pessoas acima de 60 anos. O Espírito Santo, Acre e Rio Grande do Norte também indicam a adoção da quarta dose.
No que se refere à vacinação infantojuvenil, o ministro destacou que o país está em quarto lugar entre as nações que mais disponibilizaram doses para o público. Questionado sobre os ataques que a Anvisa sofre desde que autorizou a aplicação de imunizantes para crianças, Queiroga se solidarizou com as vítimas das ameaças, mas ponderou: "Tem que ser apurado pelas instâncias competentes. Não compete ao ministro da saúde fazer esse tipo de análise."
Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, nesta quarta-feira (16), o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, informou que, desde a aprovação da vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, foram contabilizadas 458 ameaças a técnicos e diretores. A explosão de relatos ocorreu após o presidente da República, Jair Bolsonaro, cobrar o nome dos responsáveis pela inclusão da autorização, na mesma data em que a agência aprovou o imunizante pediátrico.