Após governo Trump impor restrições de circulação, Padilha desiste de ir aos EUA
Ministro pretendia participar de evento em Washington após reunião da ONU em Nova York; Lula deve embarcar domingo
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu de acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ida aos Estados Unidos para participação na 80ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York. A informação foi confirmada pelo R7 com fontes próximas ao ministro.
A comitiva do petista deve embarcar para os EUA no domingo (21). A decisão de Padilha ocorre após o governo de Donald Trump impor restrições de circulação a ele — o ministro poderia apenas se deslocar entre o hotel e a sede da ONU.
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As limitações impostas a Padilha impediriam a participação em outros eventos. Além da assembleia da ONU, o ministro pretendia ir a uma reunião da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), em Washington.
Em um evento nesta sexta, em Campinas (SP), Padilha criticou a determinação e afirmou “não ter interesse de passear nos Estados Unidos”, porque já conhece o país.
“Tem várias reuniões bilaterais fora do prédio da ONU. Aí, [o Governo dos EUA] disse que eu tenho que chegar em Nova York e ir do hotel para a missão e depois para o prédio da ONU. Primeiro, que eu não sou procurado pela Interpol, não sou condenado a nada no país para ter tornozeleira eletrônica, nem do Brasil, nem dos Estados Unidos. Terceiro, que essa é uma atitude para impedir que o Brasil tenha protagonismo internacional, sobretudo no continente americano, porque, na prática, isso impede eu sair de Nova York para ir a Washington”, declarou.
Padilha estava com o visto americano vencido desde 2024. A autorização de renovação do documento ocorreu nesta semana, acompanhada, porém, das limitações.
“Eu conheço os Estados Unidos, porque o meu pai foi exilado nos Estados Unidos, eu tenho dois irmãos que nasceram e vivem nos Estados Unidos. Então, eu não tenho nenhum interesse de passear nos Estados Unidos. Há muito tempo, às vezes em que fui para lá, foi a trabalho. E o Itamaraty pediu que eu pudesse ir para lá participar de duas questões importantes”, acrescentou o ministro.
Reações
Mais cedo nesta sexta, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil questionou na ONU as restrições impostas pelo governo dos EUA a Padilha.
“Nós estamos, por meio do secretário-geral da ONU [António Guterres] e da presidente da Assembleia Geral [Annalena Baerbock], relatando o ocorrido. São restrições que não têm cabimento, injustas, absurdas e nós estamos relatando e pedindo a interferência do secretário-geral junto ao país sede [EUA], que é o procedimento, é o canal legal”, afirmou Vieira a jornalistas, após reunião com a Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, em Brasília (DF).
“E também já tratamos do tema no comitê de relações com o país sede. Então, estamos esperando agora a ação do secretário-geral da ONU e da presidente da Assembleia Geral”, completou Vieira.
O Ministério da Saúde divulgou um comunicado criticando as restrições impostas a Padilha.
“A decisão viola o Acordo de Sede com a ONU e o direito do Brasil de apresentar as suas propostas no mais importante fórum global de saúde para as Américas. O país é uma referência em saúde pública mundial e um dos principais articuladores de ações voltadas à defesa da vacina, da ciência e da vida”, disse a pasta (leia a íntegra mais abaixo).
ONU classificou situação como preocupante
Na última segunda-feira (15), antes da liberação do documento do ministro da Saúde, a ONU classificou como “preocupante” a demora dos EUA em conceder as autorizações de entrada para a comitiva brasileira.
“Obviamente, é preocupante. Esperamos que os vistos sejam entregues”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Ele reforçou que o governo Trump, como país sede nas Nações Unidas, tem obrigações a cumprir. “O acordo de sede exige que os EUA, nosso governo anfitrião, facilitem a viagem das pessoas que têm negócios diante desta organização”, acrescentou Dujarric.
O que disse o Ministério da Saúde
Em comunicado recebido da Missão dos Estados Unidos para as Nações Unidas, o Ministério da Saúde do Brasil foi informado da proibição imposta ao ministro Alexandre Padilha de participar presencialmente da reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
A decisão viola o Acordo de Sede com a ONU e o direito do Brasil de apresentar as suas propostas no mais importante fórum global de saúde para as Américas. O país é uma referência em saúde pública mundial e um dos principais articuladores de ações voltadas à defesa da vacina, da ciência e da vida.
Para a viagem aos Estados Unidos, os termos do visto concedido permitem exclusivamente a ida a Nova York, com deslocamentos restritos do hotel para a ONU, além de instalações médicas em caso de emergência.
Em razão dessas limitações infundadas e arbitrárias ao exercício diplomático brasileiro, o ministro Alexandre Padilha decidiu não participar das atividades para as quais foi convidado e permanecer no Brasil, dedicado à votação da Medida Provisória do Programa Agora Tem Especialistas no Congresso Nacional, uma prioridade de sua gestão.
Não se trata de uma medida de retaliação ao ministro, mas ao que o Brasil representa na luta contra o negacionismo que retira o direito de crianças de se vacinarem e guia os retrocessos relacionados à saúde que a população norte-americana enfrenta.
A participação do Brasil é determinante para a criação de uma rede inédita de produção de vacinas na América Latina envolvendo Argentina e México, e beneficiando todos os países vizinhos com redução de custos, geração de renda, desenvolvimento e maior autonomia na oferta de vacinas.
Todas as articulações estão mantidas com a delegação do Ministério da Saúde em Nova York e Washington, e reforçadas por reuniões do próprio ministro em eventos como a COP 30, diálogos bilaterais e missões com representantes do Mercosul e do BRICS, blocos com presidência do Brasil. A ciência continuará a avançar e o Brasil não deixará de atuar pela sua soberania.
Perguntas e Respostas
Por que o ministro Alexandre Padilha desistiu de ir aos EUA?
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu de acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem aos Estados Unidos para participar da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, devido a restrições de circulação impostas pelo governo de Donald Trump. Essas limitações permitiam que Padilha se deslocasse apenas entre o hotel e a sede da ONU, impedindo sua participação em outros eventos, como uma reunião da OPAS em Washington.
Quais foram as críticas de Padilha em relação às restrições?
Em um evento em Campinas (SP), Padilha criticou as restrições, afirmando que não tinha interesse em “passear” nos Estados Unidos, pois já conhece o país. Ele destacou que as limitações impedem o Brasil de ter protagonismo internacional e que não há justificativa para as restrições, já que não possui pendências legais que justificassem tal tratamento.
Como o governo brasileiro reagiu às restrições impostas a Padilha?
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil questionou as restrições na ONU, considerando-as injustas e absurdas. Ele mencionou que o Brasil está buscando a interferência do secretário-geral da ONU, António Guterres, para resolver a situação.
Qual foi a posição do Ministério da Saúde sobre as restrições?
O Ministério da Saúde divulgou um comunicado criticando as restrições, afirmando que elas violam o Acordo de Sede com a ONU e o direito do Brasil de apresentar propostas em fóruns globais de saúde. O ministério ressaltou a importância do Brasil na defesa da saúde pública mundial.
O que foi dito sobre a demora na concessão de vistos para a comitiva brasileira?
A ONU classificou como “preocupante” a demora dos EUA em conceder as autorizações de entrada para a comitiva brasileira, reforçando que o governo dos EUA tem obrigações a cumprir como país sede das Nações Unidas.
Quais são as implicações da decisão de Padilha de não participar da viagem?
A decisão de Padilha de não participar das atividades nos EUA foi motivada pelas restrições impostas, e ele optou por permanecer no Brasil para se dedicar à votação de uma Medida Provisória no Congresso Nacional. A participação do Brasil em discussões sobre vacinas na América Latina continua sendo uma prioridade, e as articulações estão sendo mantidas pela delegação do Ministério da Saúde.
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