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Apostador disse que proposta feita a jogador do DF para manipular jogos era 'coisa comum'

Atleta foi abordado em 2022 e iria ganhar 400 euros por partida; o MPDFT também investiga jogos da temporada de 2021

Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

Perfil de apostas abordou jogador do Candangão
Perfil de apostas abordou jogador do Candangão Perfil de apostas abordou jogador do Candangão

Após a abertura, pela Polícia Federal, de um inquérito sobre a manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro de Futebol, veio à tona uma denúncia feita em 2022 pelo Paranoá Esporte Clube, da primeira divisão do Campeonato Candango, de tentativa de suborno por um perfil de rede social vinculado a apostas esportivas para que atletas do time manipulassem resultados de partidas. Um dos jogadores recebeu uma proposta de 400 euros (R$ 2.173,64, na cotação atual). O fato foi denunciado à Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF).

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Embora apenas uma conversa tenha sido divulgada, o clube afirma que dois atletas profissionais foram abordados. As telas mostram que o perfil pergunta se é "normal" o jogador receber uma oferta financeira em moeda estrangeira. O atleta então pergunta se não seria uma forma de manipulação, e o apostador responde "sim, mas você não precisa perder nada".

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Assim que soube da situação, o próprio clube entrou em contato com o perfil. Em uma das respostas, o apostador garantiu que o que estava acontecendo era "uma coisa comum", mas que descobriu que o time "tem jogadores honestos".

O diretor-executivo do Paranoá Esporte Clube, Luís Felipe, afirma que encaminhou um ofício ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e confirmou que representantes do clube foram ouvidos. Ainda segundo Assis, a equipe trabalha na concientização dos atletas, além de acompanhar de perto a rotina de todos. "O Paranoá coíbe veementemente ações de apostas ilícitas", afirmou.

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Na época, a Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) disse não compactuar com ações ilegais e que estava empenhada em combater a manipulação de resultados dentro do futebol brasiliense. "[Essa ação] desgasta e prejudica a nossa competição e a grande maioria dos nossos profissionais, que atuam com dedicação e bom caráter", completou.

A FFDF, na gestão Daniel Vasconcelos, não compactua com ações ilegais e está empenhada em combater a manipulação de...

Posted by Federação de Futebol do Distrito Federal - FFDF on Tuesday, January 18, 2022

Investigação do MPDFT

Em outra frente investigativa, jogos da primeira fase do Candangão 2021 são alvo de inquérito do MPDFT. Segundo a instituição, representantes da FFDF pediram ajuda para apurar uma suposta manipulação de resultados.

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Dias após as investigações serem iniciadas, o auditor processante do Tribunal de Justiça Desportiva do DF (TJDDF) Fernando Silva Júnior acatou um pedido da Procuradoria da Justiça Desportiva (PJD) e solicitou que as súmulas de qualquer partida que tivesse alguma suspeita de manipulação fossem entregues para análise.

No entanto, ele também pediu especificamente os documentos de três jogos: Formosa 1 x 6 Samambaia; Ceilâdia 8 x 1 Samambaia; e Samambaia 0 x 3 Santa Maria. A decisão também determina que os presidentes do Ceilândia, do Santa Maria e do Formosa, além de representantes da FFDF e do Sindicato/Associação dos Árbitros do Distrito Federal, sejam ouvidos.

Auditor do TJDDF pediu súmula de jogos
Auditor do TJDDF pediu súmula de jogos Auditor do TJDDF pediu súmula de jogos

O diretor da FFDF, Márcio Coutinho, afirmou que o pedido de investigação partiu da própria federação e que os dirigentes procuraram a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para indicar as suspeitas. A fim de atender a uma sugestão da entidade federal, a FFDF contratou uma empresa internacional especializada na identificação de possíveis manipulações em partidas de futebol. Coutinho garantiu que todos os jogos profissionais e amadores da cidade são monitorados de perto.

A direção do Samambaia afirmou que o admininstrativo do clube foi trocado no segundo semestre de 2022. O R7 entrou em contato com o MPDFT e outros citados na matéria, mas ainda não teve retorno. 

Febre das apostas

O investimento de casas de apostas esportivas em times brasileiros cresceu nos últimos anos. Diversos grupos se espalham pelas redes sociais, nos quais apostadores divulgam rendimentos altos ou lamentam a "falta de sorte". Em um dos comentários, um participante afirma que apostou R$ 400 e conseguiu faturar R$ 5.082. "Pão de queijo salvo com sucesso", brincou. Outro reclama que, mesmo investindo dinheiro, não ganha nada há quatro meses.

Prints retirados de grupo de apostas nas redes sociais
Prints retirados de grupo de apostas nas redes sociais Prints retirados de grupo de apostas nas redes sociais

Pensando nisso, o governo federal prepara uma medida provisória para regulamentar o mercado de apostas esportivas no Brasil. O texto prevê que as empresas que operam no país tenham uma arrecadação menor e, ao mesmo tempo, passem a destinar uma receita maior aos cofres públicos. As casas de apostas serão taxadas em 16% sobre o chamado "gross gaming revenue", que é a receita obtida com todas as apostas feitas menos os prêmios pagos aos apostadores.

Leia mais: Proposta para regular apostas esportivas prevê reduzir lucro de empresas

Máfia das Apostas

A Polícia Federal vai abrir um inquérito sobre a chamada Máfia das Apostas e um grupo suspeito de manipular jogos das séries A e B do Campeonato Brasileiro e de torneios estaduais entre 2022 e 2023. A decisão foi tomada após uma determinação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, nesta quarta-feira (10).

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Investigações do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) mostram que os suspeitos coagiram jogadores profissionais de futebol com a oferta de valores entre R$ 50 mil e R$ 100 mil àqueles que provocassem eventos previamente determinados nas partidas. Derrota no primeiro tempo e número de escanteios e de cartões, por exemplo, poderiam render até R$ 100 mil ao atleta participante do esquema.

Na denúncia, o Ministério Público goiano também pede a todos os denunciados que paguem, em grupo, um valor mínimo de R$ 2 milhões para reparar o dano moral coletivo.

"O parâmetro utilizado para a definição do valor refere-se a uma das expectativas de lucro do grupo criminoso com a utilização de dezenas de contas que foram empregadas nas apostas manipuladas descritas na denúncia", afirmou o órgão.

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