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Às vésperas do tarifaço, Brasil intensifica diálogo e abaixa tom contra os Estados Unidos

Publicamente, Trump disse amar o povo brasileiro e estar aberto a atender ligação de Lula a ‘qualquer momento’

Brasília|Do R7, em Brasília

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • A tarifa de 50% imposta pelos EUA ao Brasil começa amanhã, desafiando o governo brasileiro.
  • Presidente Lula busca diálogo e tentou negociar isenções, abrangendo 40% das exportações.
  • Produtos chave como café e alumínio permanecem afetados, com dificuldades em adquirir mais concessões.
  • Lula afirma que não aceitará que questões políticas sejam atreladas à tarifação econômica dos EUA.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Tarifas foram anunciadas no começo do mês e entram em vigor na sexta-feira (1º) Divulgação/The White House/Arquivo

A um dia da entrada em vigor das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o governo federal insiste na via diplomática.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afastou, por ora, qualquer retaliação e optou por priorizar a negociação direta com o governo norte-americano.


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O professor de Relações Internacionais e cientista político Maurício Santoro lembra das recentes declarações de Donald Trump — que disse “amar o povo do Brasil” e se mostrou disponível para conversar com Lula “a qualquer momento”.

Mas, para ele, dificilmente essas falas modificarão o cenário adverso enfrentado por Brasília.


“O Brasil é um caso à parte nesse tarifaço promovido por Trump, porque a disputa não gira em torno de questões comerciais — os Estados Unidos têm superávit na relação bilateral —, mas sim da política interna brasileira", explica.

Isso tornaria qualquer concessão de Lula muito mais complexa, pois envolve decisões do Supremo Tribunal Federal, acredita Santoro. “Nem mesmo o presidente tem poder para revogar medidas da Corte, muito menos uma autoridade estrangeira”, avalia.


O especialista acrescenta: “Até agora, o governo brasileiro conseguiu negociar isenções importantes que cobrem cerca de 40% das exportações para os Estados Unidos, preservando setores como aviação, suco de laranja e ferro”.

Ainda assim, segundo ele, permanecem sob impacto tarifas sobre produtos essenciais no comércio bilateral, como café, alumínio, armas e têxteis.


“É difícil avançar com novas concessões. Como se vê em negociações com outros parceiros estratégicos de Washington, como a União Europeia, talvez o máximo neste momento seja adotar medidas para controle de danos”, analisa.

Santoro projeta um impasse prolongado: “A tensão entre Brasil e EUA deve se estender por vários meses. As tarifas trarão impacto negativo à economia, embora sem provocar um colapso. Lula poderá sustentar esse conflito e explorá-lo politicamente durante a campanha de 2026”.

Limites e pressões políticas

Durante conferência do Partido dos Trabalhadores, realizada no domingo (3) em Brasília, o presidente afirmou ter “limites” sobre o que pode declarar publicamente nas negociações com os Estados Unidos.

“Nessa briga com a taxação dos EUA, eu tenho limite de briga com o governo americano. Não posso falar tudo que acho que devo falar, tenho que falar o que é possível falar, o que é necessário”, disse Lula, sugerindo cautela estratégica.

Segundo o presidente, o movimento tarifário norte-americano seria uma reação ao fortalecimento da presença internacional do Brasil. Ele citou, como exemplo, a busca por acordos com a União Europeia por meio do Mercosul.

“Isso começa a assustar pessoas que acham que são donas do mundo. ‘Como é que aparece um país que até ontem era tratado como se fosse republiqueta de bananas querendo falar grosso? Querendo dizer que é preciso criar uma moeda de comércio para não ficar tudo dependendo do dólar? Como é que parece um país que fica ousando desafiar a grande potência?’”, questionou.

Na sequência, Lula negou qualquer provocação intencional: “Nós apenas queremos dizer, eu quero passar. É só isso”.

O presidente defendeu uma política externa baseada na “igualdade de condições” e afirmou ser inaceitável vincular temas políticos à imposição de tarifas econômicas.

“Os EUA são muito grandes, o país mais bélico do mundo, mais tecnológico do mundo, o mais econômico do mundo. Tudo isso é muito importante, mas nós queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Temos interesses econômicos, temos interesses estratégicos, queremos crescer e não somos uma republiqueta”, concluiu.

“Tentar colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável.”

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