Auxílio é 'esmola', diz líder da frente parlamentar dos caminhoneiros
Governo federal estuda dar R$ 400 à categoria como forma de conter impactos das altas no preço dos combustíveis no país
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), reagiu à proposta do governo federal de criar um auxílio financeiro de R$ 400 para caminhoneiros como forma de conter os impactos das altas no preço dos combustíveis.
"Essa gente propõe uma esmola que não paga a metade de uma recapagem de pneu. Nos respeitem, isso é um deboche", afirma Crispim. Conforme cita o parlamentar, um caminhoneiro gasta, em média, entre R$ 8 mil e R$ 10 mil para realizar o trajeto de São Paulo a Alagoas.
O auxílio para caminhoneiros foi discutido na última terça-feira (21) em reunião dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), respectivamente, com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e outros membros do governo.
A ideia inicial é de benefício de R$ 400 até o fim deste ano, mas o valor não está definido. O Executivo ainda não tem uma estimativa financeira do impacto da proposta, mas a equipe econômica apresentará os estudos até o fim desta semana.
O voucher foi pensado apenas para os caminhoneiros devido à importância da categoria para a economia nacional, já que a maior parte das mercadorias no país é transportada por rodovias. Os trabalhadores desse setor também são uma das bases eleitorais de Jair Bolsonaro, que busca a reeleição e aparece em segundo lugar nas pesquisas, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No entendimento do governo e do Congresso, a ajuda pode reduzir o custo do frete, o que beneficiaria toda a cadeia comercial, sobretudo com a diminuição da inflação.
"A Câmara dos Deputados votou a Lei da Liberdade Econômica e agora querem pagar um segmento econômico da sociedade e botar em uma assistencialista eleitoreira 'tabajara'", critica o parlamentar.
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Como alternativa ao problema, o presidente da frente apresentou projeto de lei (1724/2022) nesta terça-feira (21) após deliberação com demais lideranças dos caminhoneiros. O texto quer suspender as isenções fiscais, devoluções do imposto de renda e das moratórias concedidas em 2017.
Segundo o deputado, a suspensão dessas benesses implicaria uma arrecadação de R$ 10 bilhões anuais. O projeto prevê o uso desse valor da seguinte forma: 70% destinado à saúde e 30% para a criação do fundo de estabilização para combater as altas ocasionadas pela PPI.
"Temos que parar de dar dinheiro para investidores de Bolsas de Valores e fundos de pensão internacionais", argumenta Crispim. "Solução tem, está aí mais uma proposta", acrescenta.