'Banqueiros não precisam do Estado, mas exigem bilhões de superávit', diz Lula
Não é a primeira vez que o presidente critica empresários do setor financeiro; conceito envolve resultado positivo de receita e despesa
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite desta quarta-feira (3) que, apesar de não precisarem do Estado, os banqueiros do país "exigem" bilhões do poder público. A declaração ocorreu durante a 12ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, em Brasília.
Cobrem de nós, fomos eleitos para fazer, atender exatamente à parcela da sociedade que precisa do Estado. Banqueiros não precisam do Estado, mas exigem que o Estado faça superávit primário e coloque à disposição deles bilhões. Grandes empresários não deviam precisar do Estado, mas vivem pegando bilhões emprestado.
O conceito de superávit primário, citado por Lula, é o resultado positivo de todas as receitas e despesas do governo, sem gastos com pagamento de juros. Quando o resultado é negativo, há déficit primário.
Não é a primeira vez que o presidente critica empresários. Em fevereiro deste ano, em agenda na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ele afirmou que "[o papel do Estado] não é atender os megaempresários, que cada vez que vão à presidência só sabem pedir bilhões, bilhões, bilhões e bilhões".
No evento desta quarta (3), Lula aproveitou para criticar a carga tributária no país, ao destacar que "rico paga muito pouco imposto de renda". Em fevereiro, o governo a,pliou a isenção do imposto de renda para quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.824). A decisão beneficiou 15,8 milhões de pessoas. O teto anterior era R$ 2.640.
"Não tenham medo de reivindicar, não tenham medo de falar, de dizer a verdade para nós. Nós, que somos políticos, precisamos aprender que muitas vezes ouvir, ser questionado e levar bronca é melhor que ter um monte de puxa-saco só batendo anas costas e dizendo que está tudo bem. Senão, a gente não faz e se acomoda", declarou Lula nesta quarta (3).
1.000 institutos federais
O presidente reforçou ainda a intenção de chegar a 1.000 novos institutos federais e escolas técnicas até 2026. "É o pagamento de uma dívida histórica, que envolve as famílias mais humildes deste país e os negros. Somos resultado de 350 anos de escravidão, de preconceito, de uma desigualdade racial que não tem similar no mundo", completou Lula.
No mês passado, o presidente anunciou a construção de 100 novos institutos pelo país, com investimento de R$ 3,9 bilhões em obras, por meio do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Atualmente, a rede federal tem 682 unidades, sendo campi de 38 institutos espalhados pelo Brasil.