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R7 Brasília

Barco em que viajavam Bruno Araújo e Dom Phillips é encontrado 

Operação conjunta do Corpo de Bombeiros, Polícias Civil e Militar do Amazonas e Marinha encontrou a embarcação a cerca de 20 metros de profundidade

Brasília|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília

Dom Phillips (esq.) e Bruno Araújo (dir.) foram assassinados
Dom Phillips (esq.) e Bruno Araújo (dir.) foram assassinados

Foi encontrado na noite deste domingo (19) o barco em que viajavam o indigenista Bruno Araújo e o jornalista britânico Dom Phillips, mortos em uma emboscada enquanto viajavam pelo Vale do Javari (AM). A Polícia Federal informou em nota que os bombeiros, os militares da Marinha e soldados da Polícia Militar do Amazonas encontraram a embarcação por volta das 20h20 (horário local). Ainda de acordo com a PF, a embarcação será submetida nos próximos dias perícia, de modo a contribuir com a completa elucidação dos fatos.

Ao R7, o delegado da Polícia Civil do Amazonas, Alex Perez Timóteo, disse que o barco, que mede cerca de 7 metros, foi encontrado a 20 metros de profundidade e a mais ou menos 30 metros da margem do rio. "No barco submerso havia amarrado um tambor de gasolina. Outros três tambores foram encontrados em terra firme, próximos ao local. Eles pertenciam a Bruno Araújo. A lancha é um modelo com motor acoplado de 40 hp Yamaha", descreveu o delegado. "A lancha estava emborcada e havia sacos de areia amarrados para evitar que ela voltasse a flutuar", acrescentou. 

A Polícia Federal afirmou neste domingo que está sendo apurada a participação de, pelo menos, oito pessoas no crime. A corporação chegou a declarar na sexta-feira (17) que não há mandante nem organização criminosa por trás das mortes, mas outras cinco pessoas passaram a ser monitoradas pelos investigadores.

Um terceiro suspeito preso no sábado (18) confessou ser um dos autores dos crimes. Jefferson da Silva Lima é o terceiro preso durante as investigações. Antes dele, os pescadores Amarildo da Costa Oliveira — que também confessou ter matado Dom e Bruno e indicou o local onde os corpos foram enterrados — e o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, já tinham sido presos.


De acordo com a PF, "as investigações continuam no sentido de esclarecer todas as circunstâncias, os motivos e os envolvidos no caso". "Os trabalhos dos peritos do Instituto Nacional de Criminalística continuam em andamento para completa identificação dos remanescentes humanos e compreensão da dinâmica dos eventos", disse a PF.

O caso

Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho, após terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles viajavam pela região e entrevistavam indígenas e ribeirinhos para produção de reportagens para um livro sobre invasões de áreas indígenas.


O Vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.

Dom morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para o jornal britânico The Guardian. Bruno era servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio), mas estava licenciado desde que foi exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.


Na quarta-feira (15), a Polícia Federal localizou os restos mortais dos dois. A corporação encontrou os cadáveres depois de o pescador Amarildo da Costa confessar os assassinatos e levar policiais até o local onde enterrou os corpos.

Exames realizados pela Polícia Federal no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, constataram que os materiais encontrados eram de Dom e Bruno. A perícia chegou à conclusão após analisar a arcada dentária das duas vítimas.

A perícia da PF informou, ainda, que o jornalista e o indigenista foram mortos com tiros de uma arma de caça. Segundo a corporação, Bruno foi atingido por dois disparos no tórax e no abdômen e outro no rosto. Dom foi vítima de um disparo na região entre o tórax e o abdômen.

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