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R7 Brasília

Bilhetes fraudados, laranjas e empresas de fachadas: MP detalha esquema do youtuber Klebim

Promotoria denunciou 10 envolvidos na venda de rifa ilegal de veículos para lavagem de dinheiro; rapper Hungria é citado na ação

Brasília|Do R7

Influenciador digital Klebim aparece em imagem sentado no capô de um carro cinza
Influenciador digital Klebim aparece em imagem sentado no capô de um carro cinza

O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) denunciou, nesta terça-feira (13), 10 envolvidos no esquema criminoso de venda de rifas fraudulentas de veículos e celulares para lavagem de dinheiro. A promotoria aponta que o influenciador Kleber Rodrigues, o Klebim, que tem 4 milhões de seguidores nas redes sociais, seria o líder do grupo. O rapper Hungria também é um dos citados na ação.

O promotor Gladson Raeff Rocha Viana denunciou os envolvidos por associação criminosa, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar. Segundo o MP, Kleber, Alex Bruno da Silva Vale e Vinícius Couto Farago usaram conta bancária de uma empresa de publicidade para lavar dinheiro obtido por meio da venda ilegal de rifas de carros personalizados e celulares na internet.

Crimes

As rifas eram vendidas a valores que variavam de R$ 5 a R$ 50. Segundo as investigações, Klebim divulgava sorteios pelas redes sociais. Os bilhetes, vinculados de forma ilícita à Caixa, não eram autorizados pelo Ministério da Economia. Pelo menos 12 carros teriam sido sorteados pelo grupo.

O MP diz que Alex, Vinícius e Pedro Henrique Barroso ajudavam na divulgação dos sorteios e na manutenção de sites, entrega dos prêmios e na lavagem do dinheiro ao transferir o dinheiro depositado das contas de laranjas para outras abertas em nome de empresas.


"Por meio dessas empresas, os denunciados recebiam os valores oriundos da contravenção penal de jogo de azar, geravam notas fiscais falsas, relativas a serviços de publicidade não prestados efetivamente por essas empresas, para viabilizar e justificar o recebimento das quantias provenientes da venda das rifas ilegais", explicam os promotores. Com o dinheiro, reinvestiam no negócio ilícito.

Prática ilegal

No documento, o promotor sustenta que Klebim e outros três integrantes do esquema sabiam que a prática era ilegal. Por isso, pediu à Justiça que o sequestro dos bens e o bloqueio das contas seja mantido.


Em março, o caso veio à tona após a Operação Huracán. A apuração revelou que o youtuber levava uma vida de luxo custeada com o dinheiro que teria sido obtido de maneira ilícita. Klebim foi preso na ocasião. 

O MP não vai oferecer acordo. O promotor ressaltou que os bens capturados devem ser revertidos para a União se o grupo for condenado. "Foram reunidos indícios seguros de que a atividade criminosa praticada por eles era habitual, reiterada e tinha nítida intenção de continuidade, não se mostrando, portanto, qualquer acordo necessário e suficiente para reprovar os crimes cometidos ou prevenir a reiteração delitiva", argumentou Viana.


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Hungria

Em relação ao rapper Hungria, o MP diz que "vislumbra a existência de provas robustas da materialidade e dos indícios suficientes de sua participação" em um dos sorteios, pelo qual teria recebido R$ 47.800. Contudo, como teria sido uma prática eventual, a promotoria ofertou acordo para que ele não fosse denunciado. 

Burlando a fiscalização

Ao interceptar ligações e mensagens trocadas entre os investigados, o Ministério Público recolheu indícios de que o quarteto sabia que a conduta era ilegal. "(Eles) utilizavam diversos estratagemas para burlar a fiscalização sobre os jogos de azar", relata a denúncia.

Para maquiar o esquema no site de vendas, as rifas eram comercializadas em uma aba destinada a "e-books" (livros digitais). Com isso, justificavam ainda o recebimento de depósitos sucessivos de baixo valor nas contas bancárias. Outra estratégia era declarar que a movimentação financeira era oriunda dos supostos serviços prestados pelas empresas de publicidade de fachada em 41 notas frias.

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Durante as investigações, o grupo continuou a ocultar a origem do dinheiro obtido com os crimes. Para dificultar a apuração, os quatro pretendiam abrir novas contas sob a titularidade de mais empresas, e assim, distribuir o dinheiro.

No entanto, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou as transações atípicas e emitiram alerta de suspeitas. Uma das empresas declarou capital social de R$ 100 mil, mas movimentou R$ 5,4 milhões em oito meses.

Os depósitos pelo Pix entre o quarteto demonstravam, nas mensagens associadas a eles, que se tratava de pagamento pela venda de rifas: "Acerto da porcentagem pro DF Rifas", descreve a mensagem.

Vida de luxo

Com o dinheiro das rifas, Kleber levava uma vida de luxo: comprou carros de alto valor, como uma Ferrari e uma Lamborghini. Este último foi apreendido pela Polícia Civil. Klebim ainda estava construindo uma mansão. 

Colaboradores

O quarteto ainda teria contratado colaboradores técnicos para operar o esquema: entre eles, um contador e um advogado – Michel Fernandes e José Sousa. Segundo o Ministério Público, eles "prestaram auxílio material essencial aos denunciados".

Para o órgão, Fernandes sabia das ilegalidades e ajudava a tornar os recursos lícitos e a emitir as notas fiscais falsas. Já Sousa teria apresentado notificações extrajudiciais às plataformas de pagamento para liberar as contas da organização criminosa.

Os últimos quatro denunciados: Ronyel Santos Castro, Henrique Sadao Ramos de Araújo, Matheus Welington Sousa Cirineu e Douglas Muniz Dutra teriam atuado como laranjas no esquema. Eles seriam os titulares de contas bancárias em que o dinheiro arrecadado com as rifas foi depositado. Depois, entregavam os recursos ao quarteto principal, sob a condição de reter 2% dos valores pelo serviço. Um deles chegou a admitir que cerca de R$ 600 mil passaram pela conta.

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