'Boto minha cara toda no fogo pelo Milton', diz Bolsonaro
Presidente minimizou denúncias de propina em troca de verbas públicas e disse que caso já estava sendo investigado
Brasília|Alan Rios, do R7, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro declarou, em live na noite desta quinta-feira (24), que tem total confiança no ministro da Educação, Milton Ribeiro. "Boto minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia contra ele", declarou.
O titular da pasta enfrenta denúncias de supostas cobranças de propina em troca da liberação de recursos públicos por pastores sem ligação com a pasta. Bolsonaro argumentou que o caso já era conhecido da CGU (Controladoria-Geral da União) e da Polícia Federal.
"Duas pessoas estariam cobrando propina de prefeitos para conseguir recursos. É tudo documentado, então não tem problema nenhum. A CGU, que tem o ministro Wagner Rosário à frente, recebeu em 27 de agosto do ano passado documentos enviados pelo ministro Milton relativos a duas denúncias sobre possíveis irregularidades no ministério. A CGU investigou por seis meses e chegou à conclusão de que não tinha participação de nenhum servidor público."
Também segundo o presidente, a denúncia, então, foi passada à PF. "Anteontem, acho que no dia da divulgação, foi mandado para a PF. O que fizemos? Por que não tem corrupção no nosso governo? Porque a gente age dessa maneira. O Milton tomou as providências. Alguns dizem que ele tinha 19 agendas. Se ele estivesse armando, não tinha colocado agenda oficial aberta à mídia", declarou.
Durante a live, Bolsonaro recebeu a notícia de que a PGR pediu ao Supremo autorização para investigar o tema. "A senhora Cármen Lúcia acaba de autorizar. Parabéns para a Cármen Lúcia. Estou muito feliz, o Milton também está muito feliz com essa autorização para o procurador-geral da República investigar esse episódio. Esperamos que os prefeitos colaborem com informações que levem à conclusão e responsabilização dos fatos."
Gasolina
Entre os principais pontos do pronunciamento, o presidente citou temas como a alta da gasolina, o caso da "Wal do Açaí" e servidores parlamentares que trabalham fora de Brasília. Sobre combustíveis, o mandatário voltou a criticar o STF (Supremo Tribunal Federal).
"Tenho uma ação no STF, está com a Rosa Weber, pedindo para ela a regulamentação de uma emenda de 2001 que diz que o ICMS tem que ter valor fixo para cada produto. Mas não vai pra frente. Não vou dar aula para a senhora Rosa Weber, mas não pode continuar como está", levantou. Ainda nas palavras de Bolsonaro, o preço dos combustíveis "está um absurdo devido a vários fatores", como ICMS e outros impostos.
"Não sei se a margem de lucro dos tanqueiros é um absurdo, do dono de posto. Mas temos um decreto nosso, do ano passado, que obriga o dono de posto botar o valor do preço que ele compra o combustível, a margem de lucro, o valor do frete e os impostos. Isso que o povo vai ter que saber. Enquanto o Supremo não decidir o ICMS, fica difícil."
Bolsonaro ainda citou a refinaria de petróleo fora do país como um dos motivos para a alta. "Pessoal fala que somos autossuficiente em petróleo, verdade. O que nós extraímos aqui é suficiente para nosso consumo interno e ainda sobra. E por que está caro? Porque quase 30% do petróleo [o Brasil] tem que mandar para fora para ser refinado e voltar para cá. Paga o frete do navio que vai, do que vem e o preço do refino."
Junto com as avaliações, o presidente cutucou governos petistas. "Poderíamos ser autossuficientes, mas um cara que assumiu em 2003, ele e a sucessora, fizeram festa para três refinarias, duas no Nordeste e uma no Sudeste. Gastaram 100 bilhões, mas sabe quantos barris de petróleo são refinados? Zero. Se tivesse duas funcionando, seríamos autossuficientes. A única economia que não tem refinaria para consumo interno, entre as dez maiores economias do mundo, é o Brasil."
"Wal do açaí"
Ele ainda comentou o caso da funcionária Walderice Santos da Conceição, conhecida como "Wal do Açaí". O MPF (Ministério Público Federal) propôs ação de improbidade administrativa contra ele e a ex-secretária parlamentar da Câmara dos Deputados depois que uma investigação mostrou que ela nunca esteve em Brasília e não exerceu nenhuma função relacionada ao cargo que ocupava.
Para Bolsonaro, é comum que parlamentares empreguem funcionários que não estão no Distrito Federal. "Ela nunca esteve mesmo em Brasília, mora em um distrito de Angra dos Reis. Tem deputado aqui, não vou perguntar para não… Duvido qual deputado fora do DF que não tenha… Pode ter no máximo 25 servidores? Em média, metade fica aqui e metade no estado. Esse pessoal do estado não vem à Brasília, tome posse por procuração. Fiz isso a vida toda."