Brasil e China ampliam em 15% comércio de soja em meio à retração de compras chinesas dos EUA
Transações cresceram de US$ 27,2 bi em 2018 para US$ 31,5 bi em 2024, impulsionadas pela disputa comercial entre os países
Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília
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A redução nas importações de soja dos Estados Unidos pela China impulsionou um crescimento de 15%, nos últimos sete anos, das compras de soja brasileira por chineses. Os dados constam do Comex Stat, plataforma do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O crescimento, de US$ 27,2 bilhões em 2018 para US$ 31,5 em 2024, está atrelado à disputa comercial entre os países, que fez com que a China deixasse de ser o principal comprador da soja norte-americana.
Segundo a imprensa internacional, pela primeira vez em sete anos, a China não importou soja dos Estados Unidos em setembro. No mês passado, as importações caíram de 1,7 milhão de toneladas métricas (índice registrado em 2024) para zero.
Se compararmos os dados das exportações do produto ocorridas apenas em setembro, o Brasil registrou um aumento de 70% no envio de soja para a China entre 2018 e 2025.
A redução na participação dos chineses na compra da soja americana trouxe maior pressão para o setor nos Estados Unidos. Com o prejuízo dos produtores, o presidente Donald Trump afirmou que o assunto será um dos principais temas a serem discutidos com o líder chinês, Xi Jinping, em encontro previsto para ocorrer daqui a quatro semanas.
A tensão entre os países, elevada em 2018, permitiu que o Brasil alcançasse um dos maiores níveis de exportação para a época. Naquele ano, o Brasil exportou US$ 27,2 bilhões em soja para a China, contra US$ 20,3 bilhões no ano anterior.
Hoje, a soja é o principal produto comprado pelos chineses na relação comercial com o Brasil. De 2018 a 2024, o Brasil exportou US$ 571,1 bilhões para a China, sendo quase US$ 198 bilhões só em soja, o equivalente a cerca de 34%.
China e EUA
Em meio à tensão provocada pela retração nas vendas com a China, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu aumentar em 100% as tarifas para o país asiático. Com isso, Pequim ampliou as restrições às terras raras, produtos de interesse dos norte-americanos.
Apesar da pressão de Trump, analistas consultados pelo R7 acreditam ser pouco provável que a China substitua o Brasil como principal fornecedor.
Para o especialista em comércio exterior Jackson Campos, é possível que os chineses fechem acordos pontuais com os americanos, mas apenas como um gesto estratégico e político.
“A China busca diversificação para não ficar dependente de um único país. Assim, mesmo que aumente as compras americanas, deve manter volumes relevantes com o Brasil”, acredita.
Apesar da grande capacidade produtiva dos EUA, o país não consegue atender sozinho a demanda chinesa por soja. “Há limitações de área plantada, custos de produção e até logísticas internas. A China consome mais do que a soma da produção de apenas um país”, explica o especialista.
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