Câmara Legislativa do DF aprova publicação de depoimentos não sigilosos da CPI do 8 de Janeiro
Pedido foi aprovado durante depoimento de Ana Priscila Silva de Azevedo, apontada como uma das organizadoras dos atos
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou o requerimento para tornar públicos os depoimentos não sigilosos prestados ao colegiado. A iniciativa tem por objetivo que os relatórios das informações prestadas pelos depoentes sejam disponibilizados no site da CLDF.
O pedido foi aprovado com quatro votos, tendo três ausências de titulares. A medida foi votada durante depoimento de Ana Priscila Silva de Azevedo, ex-bancária e apontada como uma das organizadoras dos atos do 8 de Janeiro.
Apoio do Exército
Antes da votação do requerimento, a "influencer" Ana Priscila chegou a dizer que "as lideranças do Exército apoiaram [o movimento]". "Eles ajudavam na segurança e organização [do acampamento]", disse. Ana Priscila também confirmou ter havido uma "conivência" dos militares do Exército na ocupação dos quartéis-generais, ao ser questionada por parlamentares. A depoente apontou que "bastaria um soldado raso nos avisar que deveriamos sair que teríamos ido embora. Ao contrário, vários foram os chamados para que fosse mantida a mobilização popular", apontou.
Durante questionamentos de parlamentares, Ana Priscila negou ser dela um áudio veiculado na CPI em que ela pede para não falarem mal do Exército. "Se não fosse o Exército todo mundo tinha ficado [preso]. Foi o Exército que avisou tudo, para irmos embora dos acampamentos", dizia a gravação apresentada. Ana Priscila, contudo, alegou que "uma criança de oito anos" perceberia não ser ela. Após alegação o presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), pediu perícia da gravação para confirmar origem do áudio.
Ana Priscila também alegou que quebradeira não foi causada pelos manifestantes a quem chamou de "patriotas", e sim por supostos "infiltrados da esquerda".
Próximos depoimentos
Em outubro, estão previstos mais quatro depoimentos à CPI. Confira:
• 5/10 (quinta-feira): Wellington Macedo de Souza, blogueiro condenado pela tentativa de explodir uma bomba nas proximidades do aeroporto de Brasília. Ele estava foragido no Paraguai e foi preso no último dia 14;
• 9/10 (segunda-feira): capitão José Eduardo Natale de Paula Pereira, filmado dentro do Palácio do Planalto ao dar água a extremistas durante os atos;
• 19/10 (quinta-feira): major Cláudio Mendes dos Santos, que supostamente deu treinamento militar a extremistas que planejavam a manifestação;
• 26/10 (quinta-feira): coronel Reginaldo Leitão, chefe do Centro de Inteligência da Polícia Militar do Distrito Federal, apontado como um dos membros do grupo de mensagens criado para acompanhar as manifestações.