Caso Naja: Justiça do DF condena 4 envolvidos em tráfico de animais silvestres
Investigações começaram após estudante ser picado por cobra naja em 2020; penas foram convertidas em serviços comunitários
Brasília|Do R7, de Brasília
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal condenou quatro acusados de tráfico internacional de animais silvestres a penas de um ano e dois meses a dois anos e meio de prisão. O caso aconteceu em 2020 e se tornou público após o estudante universitário Pedro Krambeck ter sido picado por uma cobra naja que ele criava para vender. Além de Pedro, foram condenados o padrasto, o tenente-coronel da Polícia Militar Clóvis Eduardo Condi, a mãe do estudante, Rose Meire dos Santos Lehmkuhl, e um amigo de Krambeck, Gabriel Monteiro de Moura. Todas as penas foram substituídas por prestação de serviços comunitários. Ainda cabe recurso contra a decisão.
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O estudante foi considerado culpado pela comercialização ilegal de animais silvestres, expondo perigo à saúde pública, crime continuado e maus-tratos em animais. O padrasto do estudante foi condenado por fraude processual e corrupção de menores. A mãe de Krambeck teve uma pena de um ano e dois meses de reclusão e mais um ano e dois meses por uso e comercialização ilegal de animais silvestres, expondo a perigo a saúde pública, maus-tratos em animais, fraude processual e corrupção de menores. O amigo do estudante também foi condenado por fraude processual e corrupção de menores.
As investigações
O inquérito policial mostrou que, entre 2017 e 2020, Krambeck passou a adquirir, criar e comercializar espécies nativas e exóticas sem a autorização de órgãos ambientais. O local onde os animais eram criados era inadequado e provocava estresse nos bichos. Além disso, as investigações mostram que Krambeck praticou tráfico de animais silvestres ao trazer as serpentes de outros estados, como São Paulo e Bahia. Uma testemunha afirmou que chegou a comprar do estudante uma serpente da espécie king negritus, de origem asiática, por R$ 550.
Ainda segundo as investigações, Rose Meire sabia das práticas do filho e participava do cuidado dos animais e dos ovos decorrentes da reprodução realizada dentro do apartamento da família, no Guará. As serpentes eram alimentadas com camundongos criados na área de serviço do imóvel e depois congelados no freezer da família.
O tenente-coronel Condi subsidiava os cativeiros e a alimentação. Segundo os policiais, imagens do apartamento mostram que as embalagens plásticas em que os espécimes eram mantidos em cativeiro por períodos longos ficavam à vista.
O ataque
O caso veio à tona no dia 7 de junho de 2020, quando a cobra naja picou o estudante. Na época com 22 anos, Krambeck ficou em coma e só sobreviveu graças a soro antiofídico fornecido pelo Instituto Butantan, de São Paulo.
O inquérito policial mostrou que, após o ataque, o amigo de Krambeck ficou encarregado de "dar um sumiço" em 23 animais. A cobra naja foi abandonada perto de um shopping, no Lago Sul, e resgatada pela Polícia Militar Ambiental. Ela foi transferida para o Zoológico de Brasília com 16 serpentes apreendidas em um haras, em Planaltina. O animal, então, foi levado para o Instituto Butantan.