Chacina de 10 pessoas da mesma família foi motivada por chácara no valor de R$ 2 milhões, diz polícia
Segundo as investigações, os quatro mentores do crime podem pegar pena de até 340 anos de prisão
Brasília|Do R7, em Brasília
A Polícia Civil do Distrito Federal informou, em coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (27), que os assassinatos que envolveram dez pessoas da família da cabeleireira Elizamar da Silva foram motivados pela venda de uma chácara no Itapoã, avaliada pelos suspeitos em R$ 2 milhões. Segundo o delegado responsável pelo caso, Ricardo Viana, quatro dos cinco presos por envolvimento direto com o crime podem pegar, juntos, até 340 anos de prisão.
A polícia prendeu cinco pessoas por envolvimento no crime. Quatro delas seriam o núcleo da associação criminosa: Horácio Barbosa, Gideon Menezes, Fabrício Silva Canhedo e Carloman dos Santos Nogueira. Um último preso, Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como Galego, teria participado de um dos crimes. Um adolescente de 17 anos também foi apreendido, prestou depoimento e foi liberado.
As investigações revelam que o primeiro crime teria ocorrido em dezembro. Os suspeitos simularam um assalto na chácara em que moravam Marcos Antônio, Renata Belchior (esposa dele) e Gabriela Belchior (filha). Eles foram rendidos por Carloman, o adolescente e Fabrício, mas Marcos reagiu e foi baleado na nuca.
Horácio e Gideon, que eram funcionários da chácara, também fingiram ser vítimas. Renata e Gabriela foram vendadas, amarradas e levadas para o cativeiro. Marcos, já morto, também foi levado para o cativeiro, esquartejado e enterrado no quintal. Nesse dia, o adolescente teria entrado em pânico, pulado o muro da casa e fugido.
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Cronologia
No início de janeiro, após vender uma casa, a ex-mulher de Marcos, Cláudia Regina Marques, foi envolvida na história. Os suspeitos utilizaram o celular de Marcos para sugerir que Gideon, Horário e Fabrício ajudassem na mudança para a nova residência. Quando ela e a filha, Ana Beatriz Marques, chegaram na nova casa, foram rendidas por Carloman e levadas também para o cativeiro.
No dia 12 de janeiro, Thiago Gabriel, que era filho de Marcos Antônio, foi atraído para a chácara no Itapoã por meio de uma mensagem falsa do celular de Marcos. Ele foi rendido pelos suspeitos e, logo depois, eles atraíram também a esposa dele, a cabeleireira Elizamar da Silva, para o local. Ela foi com os filhos e também acabou rendida.
Como o adolescente tinha fugido e não queria mais participar dos crimes, Galego foi chamado para os próximos delitos. Os suspeitos levaram Elizamar e as crianças até Cristalina (GO), asfixiaram as vítimas e queimaram o carro da cabeleireira. Nesse momento, Thiago ainda estava no cativeiro.
Renata e Gabriela foram mortas dias depois, tiveram os corpos carbonizados dentro de um carro que foi encontrado em Unaí (MG). Thiago, Cláudia e Ana Beatriz foram os últimos assassinados. Eles saíram do cativeiro ainda com vida, em 15 de janeiro, foram esfaqueados próximos à cisterna em que foram encontrados, em Planaltina.
Ao todo, os suspeitos levaram 18 dias para executar todo o plano, segundo as investigações da 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá.
Vítimas
Ao todo, dez pessoas da mesma família foram mortas. Inicialmente, acreditava-se que a cabeleireira Elizamar da Silva era o ponto central do crime. No entanto, segundo as investigações, o sogro dela, Marcos Antônio, foi a motivação inicial das mortes.
A ideia dos suspeitos era não deixar nenhum familiar para ficar com a chácara e vender o imóvel, que eles acreditavam valer cerca de R$ 2 milhões.
Morreram:
Elizamar da Silva, de 39 anos;
Thiago Gabriel Belchior, de 30 anos;
Gabriel da Silva, de 7 anos, filho de Elizamar e Thiago;
Os gêmeos Rafael da Silva e Rafaela da Silva, de 6 anos, filhos de Elizamar e Thiago;
Marcos Antônio, de 54 anos, pai de Thiago;
Renata Belchior, de 52 anos; esposa de Marcos;
Gabriela Belchior, de 25 anos, filha de Renata e Marcos;
Claudia Regina Marques, de 55 anos, ex-esposa de Marcos;
Ana Beatriz Marques, de 19 anos, filha de Claudia e Marcos.